Iluminação e Magia IX - ERA UMA VEZ NA AMÉRICA
A história “Era uma vez na América” — filme produzido em 1984 pelo cineasta romano Sergio Leone - é indispensável para se conferir.
Com o ator Roberto De Niro à frente de um elenco primoroso, Leone lança um olhar sobre o universo urbano nova-iorquino dos gângsters, numa odisséia infernal de paixão, falsidade, amizade, vingança, ódio, traição, violência... cujo pano de fundo apresenta o suceder cego das histórias frustradas, em errares sem fim, de personagens pertencentes à comunidade judaica local.
O núcleo da trama gira em torno das memórias do protagonista do filme David Noodles (Roberto De Niro) - memórias inscritas numa saga que alcança três excitantes períodos da América.
O filme tem como cenário a cidade de New York, do início do século XX até, aproximadamente, a década de 60. Com efeito, o que se constata é que, na corrente das ambições que forjam a modernização brutal no centro do capitalismo mundial, as vidas potencializadas pela acumulação do capital financeiro já não se medem pela fidelidade ou pelos excelsos princípios de humanidade, mas pelo egoísmo de uma era burguesa que encontra em si a própria chave do mundo.
De outra parte, no micro-universo do enredo do filme, povoado por frases cotidianas, afirmações e valores religiosos ou laicos; enfim, naquilo que confusamente chamamos vida, uma polaridade irreconciliável de amor e ódio nutre o romance do casal protagonista: Débora (Elizabeth McGovern) e David (Roberto De Niro). Dois conhecidos apaixonados, desde a infância, que, na vida adulta, seguem à deriva de ambições, mas que conservam, cada qual em seus gestos e suas lembranças, os silêncios do amor antigo.
A fascinante trilha sonora, belamente conduzida por Enio Morricone (inclui variações sobre a canção Amapola), coroa a genialidade do cineasta italiano Sergio Leone.
PROF. DR. SÍLVIO MEDEIROS
verão de 2005