FORREST GUMP: resenha

FORREST GUMP RESENHA
Miguel Carqueija

“Forrest Gump” — EUA, 1994. Produção: Wendy Finerman, Steve Tisch e Steve Starkey. Direção: Robert Zemeckis. Roteiro de Eric Roth, com base no romance de Wiston Groom.
Elenco:
Forresto Gump............................................Tom Hanks
Jenny Curran...............................................Robin Wright Penn
Tenente Dan Taylor....................................Gary Sinise
Benjamim Buford “Bubba” Blue.................Mikelti Williamson
Sra. Gump (mãe de Forrest).......................Sally Field
Forrest Gump, menino...............................Michael Conner Humphreys
Jenny, menina............................................Hanna R. Hall

Produção detentora de 6 oscars: filme, direção, roteiro adaptado, ator, efeitos especiais e edição.

Apesar do imenso sucesso internacional de “Forrest Gump” eu pessoalmente o achei monótono e nem sempre brilhante, com algumas cenas de mau gosto inclusive. Todavia é uma obra respeitável
Em resumo a película conta a vida de um cidadão de Alabama desprezado por ter QI um pouco abaixo da média e só por isso chamado às vezes de idiota, apesar disso demonstra um bom senso acima da média e até sabedoria em muitas situações. No exército Forrest mostra habilidade em montar carabinas e revela-se um verdadeiro herói na guerra do Vietnam, e não por matar inimigos, mas por salvar diversos companheiros de tropa. Por força das circunstâncias acaba ganhando celebridade e falando com diversos presidentes dos Estados Unidos, a começar por Kennedy. Cenas de arquivo foram utilizadas e alteradas no computador, para permitir que Forrest Gump, um cidadão fictício, aparecesse conversando com Kennedy, Lyndon Johnson, Richard Nixon.
Mas o grande ponto fraco de Forrest é seu amor por Jenny Curran, amor que resiste a décadas de desencontros. Eles se conhecem em crianças, pouco antes de Forrest se libertar dos aparelhos ortopédicos que usava nas pernas (e passa a ser um grande corredor, embora não profissional). Tornam-se amigos “como pão e manteiga” e a menina vê nele alguém muito especial em sua vida, atormentada pelos assédios sexuais do pai pedófilo. Mesmo depois que a Lei interfere e retira Jenny da tutela do pai, o trauma permanecerá ao longo da vida, e sua revolta (pelo que se pode deduzir) a torna impermeável ao amor que lhe dedica Forrest; recusando-o diversas vezes, apesar da amizade que lhe dedica (e Forrest está sempre pronto a defendê-la de quem quer que seja) prefere seguir uma vida insana de hyppie, não lhe faltando drogas e agressões que sofre do amante.
Sério e comedido em suas ações e palavras, Forrest aceita humildemente as recusas de Jenny, mesmo sabendo que ela precisa de sua ajuda, mas precisa também querer ser ajudada. E assim se desenvolve a história, meio arrastadamente, criando de resto um certo “suspense” sobre o que o destino reserva aos dois. Outros personagens importantes são a mãe de Forrest, elegantemente interpretada pela muito conhecida Sally Field (lembram-se dela como a “noviça voadora”?), o Tenente Taylor, que fôra chefe do batalhão onde Forrest servira no Vietnam, e que acaba perdendo as pernas numa batalha (esses truques onde atores aparecem mutilados sem o serem impressionam), lutando a partir daí para superar a imensa perda; e “Bubba” Blue, soldado negro, um dos melhores amigos de Forrest, e especialista na pesca de camarões.
O desnecessário subtítulo ganho no Brasil — “O contador de histórias” — deve-se ao fato de toda a biografia de Forrest ser referida por ele a ouvintes ocasionais num ponto de ônibus onde, sentado, ele vai narrando sua vida sem perguntar s equerem sabê-la: um inteligente recurso narrativo.
Bem dirigido, produzido e roteirizado, o filme é também bem interpretado. Nunca achei Tom Hanks um ator entusiasmante, mas aqui sua máscara é perfeita.
Recomendável como obra séria, embora algo deprimente.

Rio de Janeiro, 20 de abril de 2016.