A Pele que Habito
Nem sei se o que escrevo é resenha. No fundo, quero falar do filme “A Pele que Habito”, de Pedro Almodóvar. No fundo também não sei o que tem nesse filme para seguir seguro na escrita. Terror? Drama? Só percebi que esconde emoções acostumadas aos filmes hollywoodianos: não é de se chorar e nem de se rir com facilidade. Talvez, nem em profundidade, o filme inspire emoções exacerbadas ao público. Acompanhando a dúvida do gênero tem também o pano de fundo, que sugere a loucura de alguns de seus personagens. Uma loucura de querer repetir amor em peles alheias, como se o alheio resolvesse com bisturi. Lembro que na zona rural produtores arrancam o couro do bezerrinho que morre para jogá-lo sobre outro bezerro vivo, querem com essa prática que a mãe do bezerrinho morto continue amamentando e principalmente produzindo leite para a venda. Ela cheira aquele couro e acha que está amamentando sua cria e, com isso, o seu leite não seca. O amor animal segue. Mas somos humanos, temos mais que lembranças de cheiros para nos identificar. Obviedade que o filme ignorou. A Pele que Habito traz conflitos, questiona a bioética e revela até uma certa vingança do protagonista para um dos crimes contra a dignidade sexual, o estupro.
Acho melhor parar de falar desse filme, que pode ser muito e pode não ser nada.