Quando a emoção atrapalha

A mocinha chegou até a fábrica de chocolates por causa do anúncio. O proprietário, ao entrevistá-la, fez-lhe praticamente uma única pergunta: se ela gostava de chocolate. Sorridente, ela disse que adorava e foi imediatamente contratada. Só então percebeu que era para vender o produto, não para criar bombons, como havia imaginado...  Necessitando do emprego, nem falou nada, aceitou assim mesmo.

Bem, esse é o começo da história do filme que assisti ontem, cujo título original é Les Émotifs Anonymes, que na versão brasileira ficou Românticos Anônimos. Na verdade, melhor teria sido chamá-lo de Tímidos Anônimos.

É um filme leve, suave, terno e ao mesmo tempo bem divertido. Até parece bobagem eu dizer que gostei da historinha ingênua do patrão que se apaixona pela funcionária, ou da funcionária que se apaixona pelo patrão. Mas eu gostei. Além do mais, no desenrolar dos acontecimentos, o filme trata de um assunto muito sério, que é a timidez. E os dois protagonistas sofrem desse mal, o que os leva a situações tão complicadas quanto hilárias. Mas no final dá tudo certo, quer dizer, mais ou menos...

Parte do filme foi rodado na Bélgica, país do chocolate, justamente para reforçar a ambientação da fábrica de chocolate onde os personagens (o patrão e a ‘chocolatière’) se encontram.. A escolha do chocolate como pano de fundo para a história não foi mero acaso. Diz o diretor que por ser o alimento “que ajuda a se sentir bem, tem perfume e gosto ligados à infância, os ansiosos costumam abusar dele”. A expressão 'Emotivos Anônimos' usada para nomear o filme sugere timidez exagerada, que deve ser tratada.

Se eu fosse psicóloga, recomendaria este filme a meus pacientes. Afinal, não somos só nós a ter medo e a sofrer por insegurança em determinados momentos, pode acontecer a qualquer um. O importante é procurar caminhos e buscar forças para reagir.



 
 

(*) Românticos Anônimos (Les Émotifs Anonymes)  -  filme franco-belga de Jean-Pierre Améris com Isabelle Carré e Benoit Poelvoorde.