OS FILHOS DO SILÊNCIO
Os filhos do silêncio
Neste filme a surdez é abordada de forma intensa, pois é contratado um professor, James Leeds, especialista em deficiência auditiva. Este professor utiliza a abordagem da comunicação total, ele usa a datilologia, a oralidade, a leitura e também a leitura orofacial. Usando todos os seus conhecimentos e dedicação em prol de seus alunos.
Vemos que ele não mede esforços para que haja uma evolução no quadro atual de seus alunos. Apesar de demonstrar uma ampla capacidade de lidar com seus alunos em momentos de total falta de atenção deles, vê grandes possibilidades de estabelecer uma evolução em sala.
Ele utiliza métodos pouco ortodoxos para que possa quebrar as barreiras que há entre eles.
Ele lança mão de música, dança e chega até mesmo a levar seus alunos à sua casa para que haja um estreitamento na relação de confiança entre ele e seus alunos. Na escola os professores mais antigos não gostam muito de seus métodos, pois eles provocam alguns “transtornos” à escola e a eles, como o incomodo do som muito alto.
No entanto, ele não desiste de sua metodologia. Com o decorrer do tempo começa a surgir resultados, já que os alunos mais reticentes juntam-se ao grupo, o que prova que a metodologia estava correta, daí em diante a sala ganha mais heterogeneidade favorecendo o aprendizado da turma.
Alguns começam a adquirir a oralidade e por conseqüência a sociabilidade. Chegando até mesmo a apresentarem uma peça musical, em que cantam com grande propriedade no que tange à oralidade.
E daí em diante o seu trabalho com os alunos passa a ser mais fácil de levar a diante o ensinamento a eles.
Do ponto de vista acadêmico, o que acabou por tornar o filme um pouco deslocado de seu propósito, foi o romance de James Leeds com Sarah, pois acabou por ocupar uma grande parte do filme, apesar de também ser usado o romance como meio de ensinar a oralidade a ela, poderia se dar mais valor a aprendizagem geral dos alunos.
Se formos traçar um paralelo deste filme que foi produzida em 1986, com os dias de hoje, e mais precisamente com os moldes educacionais brasileiro, poderemos notar que o filme ainda está à nossa frente. Infelizmente.
Qual o motivo?
O possível motivo é que em nosso país, apesar de termos leis que tornam a Libras obrigatória em todo o território nacional. O próprio governo não oferece subsídios e preparação adequada aos profissionais, colocando-os em um embate consigo próprio, pois têm que se qualificar tirando dos seus próprios bolsos o aporte financeiro para que possa dar ao aluno condições de se preparar para enfrentar o mundo lá fora.
Tendo condições de competitividade no mercado de trabalho e um convívio social próximo ao “normal”.
Enfim, o que mais precisamos não é de uma montanha de leis, que hipocritamente, fornece totais condições de aprendizagem ao surdo, quando na prática resta a dedicação, o carinho e o amor, por parte dos professores, para suprir a omissão do Estado.
Este texto foi baseado no filme “Os filhos do silêncio”, lançado em 1986, nos Estados Unidos. Título original: “Children of a lesser god”, e dirigido por Randa Haines.