Comer, rezar, amar

O caso é que nossa terapeuta achou que estávamos com a auto-estima alta demais e resolveu colocá-la na medida certa. Mas dessa vez ela errou o golpe e nós acabamos no chão. Então, para parar de rastejar fomos ao cinema ver Comer, rezar, amar.  

O filme veio a propósito já que a protagonista é a autora do livro homônimo onde narra as peripécias para encontrar-se consigo mesmo depois de uma crise existencial brava. O livro transformou-se em Best – seller. Tenho o livro, mas não o comprei. Ganhei através de uma promoção na net, mas ainda não havia lido. Aliás, não li, só comecei. Depois que vi o filme decidi só fazer a resenha depois que o lesse, mas ando com preguiça. Mas está me parecendo que o livro será melhor.


Julia Roberts é Liz, a protagonista. Depois de alguns anos casada com o homem que pensou ser o amor de sua vida, descobre repentinamente que tudo o que tem é o vazio. Para enchê-lo, decide se separar. Assim, de repente, do aparentemente nada. É claro, o marido leva um susto e vai custar a se recuperar. Quando uma coisa acaba outra começa. É sempre assim, a vida é feita de encerramentos e aberturas. O grande problema é começar coisa nova antes que a velha realmente termine. Pois foi o que Liz fez: assim que se separou arranjou uma nova paixão pensando que com isso preencheria o vazio. Não preencheu. E ao colocar uma coisa em cima da outra tudo ficou mal ajambrado e Liz fugiu. Ou saiu a procura.

Antes que eu continue é preciso fazer uma ressalva: chegamos na hora exata em que o filme começava. Não deu para comprar nem pipoca e nem guaraná. Era um mau sinal. Sem pipoca e guaraná certamente eu não ia gostar de ver o filme. E não gostei. 
 
O filme é chato. As três partes do ano sabático são estanques. Certamente seria, Liz passou de país em país em busca de si mesma e os países eram muito diferentes. De repente chegava o dia de partir e ela ia embora. De comum apenas a capacidade que ela tinha de fazer amigos nesses lugares, de tornar-se uma pessoa da família. Mas o fio que conduz a história pareceu-me bambo. Meio compridinho.

Na Itália ela aprende a comer com gosto e a não fazer nada. Dizem que os italianos não gostaram do modo como foram mostrados no filme, um tanto quanto caricatural. Penso que é difícil o olhar do estrangeiro sobre o nativo. O brasileiro que ela encontra na Indonésia é o ator espanhol Javier Bardem. Ele passa a idéia que todo pai brasileiro beija o filho homem na boca. Já foi difícil aos pais brasileiros aprenderem a beijar os filhos homens na face ou na testa agora são tidos como beijadores na boca.Um pouco difícil de engolir. Richard Jenkiss está bem no papel do texano Richard que Liz encontra na Índia. Tem música brasileira na jogada, o Samba da Benção, o que é ótimo. Pelo menos lá fora estão lembrando o que temos de bom por aqui - nossa MPB.

O filme é levinho. Dá para assistir, mas não me fez rir nem chorar. E olha que deveria fazer chorar, pois o filme é classificado como drama. Ryan Murphy dirige. Ele também é o co-roteirista. Não gostei do modo como tratou o roteiro. Por isso queria ler o livro antes de resenhá-lo.

Para mim, a primeira parte da viagem foi a melhor, senti saudades de quando visitei Roma. E me deu uma fome danada ao ver aqueles pratos maravilhosos de massa. O resto, ah, o resto... se arrasta apesar das belas paisagens e Julia Roberts continua uma bela mulher, o que para alguns basta.