Um lugar chamado Nosso Lar
Após milênios de franca evolução racional e tecnológica, a humanidade ainda se depara com inúmeras dúvidas e questões sobre o pós-morte. Um sem número de filósofos, teólogos, religiões, seitas e até mesmo cientistas já apresentaram as suas versões para o tema, mas, ainda assim, persiste este que é o maior mistério envolvendo a existência humana.
Para os desprovidos de religiões, crenças ou mesmo os que creem que viver o presente seja o único caminho a ser trilhado, pouca diferença faz sobre o que acontecerá após o fim da vida. Como estes são minoria, o assunto continua sendo um dos mais instigantes em qualquer lugar do planeta.
Encontra-se em cartaz nos cinemas de todo o País uma superprodução nacional envolvendo essa temática. O filme “Nosso Lar”, baseado na obra homônima do médium e escritor espírita Francisco Cândido Xavier (Chico Xavier), traz a ousada descrição da realidade que todas as pessoas encontrarão depois que partirem. O filme/livro não é apresentado como uma obra de ficção, mas como uma autobiografia do espírito André Luiz, que teria nascido no final do século 19 e morrido no início da década de 1930 no Rio de Janeiro, onde exerceu a profissão de médico.
André Luiz, que segundo algumas teorias não era o seu nome verdadeiro, é apontado como o que mais escreveu sobre a vida depois da morte. “Nosso Lar” foi o primeiro de uma série de livros dele psicografados por Chico Xavier. Todas as suas obras relatam o passo a passo do lado de lá no que seria a colônia espiritual para onde vão muitos desencarnados (ele também relata sobre o sombrio Umbral, paragem para outros tantos).
No filme, dirigido por Wagner de Assis, André Luiz é interpretado pelo ator Renato Prieto, que já esteve algumas vezes em Viçosa-MG (onde moro) com espetáculos teatrais também de cunho espírita. Como numa espécie de diário, o narrador conta a sua vida nessa surpreendente esfera, ao mesmo tempo em que relata como era a sua existência terrena na condição de um médico bem sucedido.
O que mais me impressionou no filme (e no conteúdo do livro que o inspirou) é ironicamente a lógica capaz de convencer uma mente racional. Considero-me uma pessoa espiritualizada, erguida sobre um alicerce familiar e social genuinamente católico, mas também me fiz bastante racional ao longo da minha formação intelectual/acadêmica. A colônia espiritual chamada Nosso Lar faz sentido para esta minha mente mesclada com razão e fé.
A concepção de vida depois da vida, narrada por André Luiz (que descreveu a sua própria existência na Terra como cética e arrogante), apresenta de maneira clara bem mais do que respostas para o grande mistério que permeia a morte. Ela delineia os caminhos a serem seguidos aqui mesmo, muito antes de sua inevitável chegada.
No geral, religiosos perdem muito tempo tentando defender as suas concepções de verdade, e mais ainda procurando defeitos nas religiões e doutrinas que não sejam as suas. Melhor seria se buscassem entender o sentido da existência humana para que ela fosse vivida com intensidade e sapiência... Aqui e depois daqui.