O Diário de Anne Frank
Direção - George Stevens 
Filme – 1959
DVD - 2005
EUA - 171 min


Um dos relatos pessoais de maior repercussão da II Guerra Mundial, gerou um dos livros mais lidos do século passado, baseado no diário escrito pela menina judia Annelisse Maria Frank, que ficou 25 meses escondida (de julho de 1942 a agosto de 1944) com a família e mais quatro pessoas no sótão de uma fábrica de temperos, durante a ocupação nazista da Holanda. O filme, rodado em preto e branco, é a versão cinematográfica do livro.

Anne Frank, com 13 anos à época, era filha mais nova de Otto H e Edith FH Frank, membro de uma família judia alemã. Otto havia sido soldado na I Guerra Mundial, defendendo a Alemanha, mas quando Hitler subiu ao poder se mudou com a mulher e as duas filhas pra Holanda, pois os descendentes de judeus passaram a ser violentamente perseguidos, mesmo em seu país natal. A vida é cheia dessas ironias, não é mesmo?

O filme mostra a rotina das pessoas escondidas no sótão, auxiliadas por Miep Gies e Kraler, que trabalhavam no escritório da fábrica e eram as únicas pessoas que sabiam do paradeiro dos Frank, trazendo mantimentos e notícias diariamente aos mesmos. Durante o dia, no horário de funcionamento da fábrica, todos deviam manter silêncio, movimentar-se o mínimo necessário e não podiam usar o banheiro, para que os funcionários não percebessem a presença deles no sótão. Além da impossibilidade total de sair as ruas e deviam ter todo o cuidado ao olhar pelas janelas, sem nunca mexer nas cortinas.

Interessante a força dessa história, pois, em si, não tem nada de grandiosa: oito pessoas praticamente presas num local, vivendo seus medos e dificuldades de relacionamento num espaço exíguo, sem grandes atos de bravura, sem feitos heróicos.
Mas enquanto assistimos o filme, sabendo se tratar de um fato verídico, vamos nos colocando no lugar daquelas pessoas, imaginando a loucura da guerra e as suas consequências em todas as facetas do cotidiano mais trivial das pessoas. E a noção do que a falta de tolerância e liberdade gera de sofrimento e estupidez vai ficando clara se imaginamos que esse fato é apenas um dos muitos que aconteceram em vários países naquele tempo e que se tornou emblemático devido a um singelo diário de uma adolescente que descreveu o dia a dia de uma das facetas das tantas que a barbárie assume em determinados períodos históricos da humanidade, devastando vidas, sentimentos e sonhos.

Eis a força de O Diário de Anne Frank: é uma amostra singela e crua da grotesca perversidade e insensibilidade humana num determinado período da história, quando esquecemos que somos todos feitos do mesmo barro e sucumbimos a loucura coletiva que anula o valor da vida em nome de uma coisa chamada poder. Uma tragédia que poderia ter acontecido com a família de qualquer um de nós.

Um filme pungente e tocante. Recomendo.