"Quase Dois Irmãos", Lúcia Murat

Violência em foco

A violência sempre tem o seu lugar cativo na mídia brasileira, o que não seria diferente nas mãos de Lúcia Murat. Elementos como a ditadura militar, política, penitenciária e dois homens com diferentes formas de sobrevivência são o foco da narrativa. Um dos personagens que compõe a equipe, Miguel, representado com categoria por Caco Ciocler, que por sua vez na trama encarna um jovem intelectual de classe média, preso político na Ilha Grande e, hoje, um deputado federal. Seguido por Jorge, dramatizado por Flávio Bauraqui, filho de um sambista que, por realizar pequenos assaltos, transformou-se num dos líderes do CV (comando vermelho, uma facção criminosa carioca)

O filme dirigido por Lúcia Murat é uma completa obra de arte, onde o objetivo principal é mostrar os dois lados da realidade urbana: a pobreza, a miséria e a violência acompanhada de muita dificuldade; e das classes médio-alta: boa criação, a segurança (financeira e fisicamente) e a educação. Os personagens tornaram-se amigos na década de cinquenta, enquanto crianças, e reecontram-se nos anos setenta, na prisão de Ilha Grande (local onde presos políticos eram tratados como presos típicos).

O assunto ditadura, sempre é abordado por Lúcia Murat com muita destreza, sabendo que a cineasta foi presa e torturada nos portões da ditadura militar brasileira. Seu curta-metragem Que Bom Te Ver Viva é um compêndio de histórias, relatos e lembranças dos tempos de prisão.

O tema Quase Dois Irmãos, que valeu o Prêmio de Melhor Filme Ibero-Americano no Festival de Mar del Plata, conta com a participação de grandes atores, como: Antônio Pompeo, Maria Flor, Marieta Severo, e a participação especial de Luiz Melodia.