Amor Sem Escalas

Poucos filmes conseguem revelar de forma doce e amarga a atual situação norte-americana. Por situação, entendem-se o cenário econômico e o das relações humanas. Amor Sem Escalas faz isso muito bem e de quebra traz no seu bojo uma mensagem contundente e nada otimista. O filme é um claro avanço de qualidade em relação aos bons trabalhos anteriores (Obrigado por Fumar e Juno) de Jason Reitman.

O protagonista da história é Ryan Bingham, interpretado pelo insosso George Clooney, no entanto a sua natural frieza encaixou muito bem trama. Ele trabalha em uma empresa de outplacement. Sua função é comunicar aos funcionários de corporações em crise que eles não são mais úteis ou necessários nos seu atuais empregos. Paralelamente, ele ministra palestras motivacionais, em que prega o desapego à todas as amarras sociais que passam despercebidas, como parentes, empregos ou memórias afetivas. Já que, segundo ele, o mundo é movimento e a presença desses elementos impede de nos movimentarmos com eficácia.

Mas quando a jovem e recém-contratada Natalie (Anna Kendrick) propõe um novo modelo de negócios, em que as demissões poderão ser feitas à distância, através de uma espécie de videoconferência, Bingham reluta a todo custo que esse processo seja implementado, pois dessa forma não seria mais necessário passar a maior parte do ano entre aeroportos e hotéis, que ele considera como o seu verdadeiro lar. Em virtude deste novo dilema, Natalie e Ryan viajarão juntos para que ele possa convecê-la que sua ideia não pode ser viável.

Amor Sem Escalas retrata claramente a frieza corporativa e a crise econômica que ainda devasta as empresas e as relações humanas nos Estados Unidos. Mais do que isso, o longa-metragem traz um belíssimo roteiro, escrito por Sheldon Turner, com diálogos divertidíssimos e que deve ser forte candidato no Oscar. Um filme com ar de renovação, que suscita debates sem falso moralismo, com um discurso contundente e uma sequência final tocante.

Nota: 8,0

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