Quase Famosos
Quase Famosos (Almost Famous)
Outro dia quiseram saber quais eram meus livros e filmes preferidos. Talvez seja esta uma das perguntas mais difíceis para quem tem Literatura, Cinema e outras formas de arte como boa companhia. Engraçado, pois deveria ser exatamente o contrário... Seja como for, eu tenho muita dificuldade em fazer escolhas diante de tantas opções.
Já ouvi falar de certas ‘neuroses’, gente que não pode nem mesmo ir ao supermercado, pois corre o risco de não conseguir sair de lá tão cedo -- tais pessoas não conseguem chegar a uma simples decisão num tempo ‘normal’. Sério! Gracinhas à parte, imagine o sofrimento que uma tal disfunção deve causar ao sujeito...
Eu não gosto de listar filmes e livros preferidos pela dificuldade em escolher um dentre tantos que marcaram, e também por não querer ser injusta com nenhum. Seja como for, sempre fujo de preencher tais lacunas. Assumo minha ‘preguiça’ neste quesito e digo “Todos. Gosto de tudo!” Aliás, sinto muita saudade do cinema brasileiro...
Num dos dias em que estava descontraída, lembrei-me de Quase Famosos (2001), um filme do qual realmente gostei. Pode ter sido o roteiro, a atuação de alguns do elenco, a trilha sonora, o clima dos anos 70, tão bem retratado no filme...
Ou talvez tenha sido a minha situação quando o vi pela primeira vez: recém chegada a um mundo que jamais seria parte do meu, mas de passagem obrigatória. Não sou a primeira que, considerando-se ‘idealista’, sofre por ter que praticar algum tipo de ‘prostituição intelectual’, participando do jogo, fingindo adequar-se ao sistema; Vendendo-se a interesses dominantes e sacrificando suas crenças verdadeiras, nem que seja só por um tempo, um tipo de ato como “dar um passo para trás para poder, mais tarde, dar uns três adiante”. Sim, um período de questionamentos, uma crise -- oportunidade que, graças a Deus, decidi usar para ‘evoluir’, não materialmente, mas como ser humano.
E foi com este espírito que eu lembro de ter visto, pela primeira vez, este filme, e em duas sessões seguidas, numa sala de cinema quase vazia. Sala que, para mim, mais parecia um sonho, coisa de última geração (na época). Som, imagem, conforto, tudo de excelente qualidade! Fiquei fascinada. Vi o filme outras vezes, já fora desta ‘aura’ e continuei gostando do mesmo jeito. Por isso o indico aqui.
Sim, agora um pouco sobre o filme: retrata um episódio muito importante (creio eu) na formação do protagonista, um jovem escritor aspirante a crítico de música. Um jovem precoce, sensível, puro e inteligente que para escrever uma matéria para a Revista Rolling Stone sobre a banda Stillwater -- ‘A’ chance para um iniciante! --, consegue a autorização da (super-protetora) mãe -- o rapaz só tinha quinze anos na época -- para acompanhar essa banda em uma turnê. Os acontecimentos ao longo da jornada proporcionam ao jovem crítico vários ‘debuts’, tirando-lhe a inocência (julgo) em vários sentidos.
O roteiro e a direção são de Cameron Crowe (“Jerry Maguire – Dando a Volta por Cima). No elenco estão Billy Crudup, Frances McDormand, Kate Hudson e muitos outros. Uma viagem imperdível para todos aqueles que ainda se inebriam com a música dos anos 70 e com a história do Rock’n Roll.
Assista e depois me conte o que achou, sim?
Um abraço fraterno :-)