Menino da Porteira
“Toda vez que eu viajava pela Estrada de Ouro Fino, de longe eu avistava a figura de menino...” É difícil conhecer algum brasileiro que ao menos uma vez não tenha escutado esses versos. “Menino da Porteira”, antes de mais nada, é uma das mais belas composições da música sertaneja tupiniquim que virou filme na década de 70 nas mãos do diretor Jeremias Moreira. Passados mais de trinta anos, o cineasta faz uma refilmagem de sua obra. O boiadeiro Diogo que na época era interpretado por Sérgio Reis, neste remake fica a cargo de Daniel.
Eu não assisti o filme original, por conseguinte, evitarei qualquer comparação com o longa-metragem anterior e me aterei apenas a produção recente. A história se passa na década de 50 em um vilarejo rural no interior de São Paulo. O boiadeiro Diogo (Daniel) está levando uma grande boiada para a fazenda de Ouro Fino, quando ao passar pela fazenda Remanso, conhece o garoto Rodrigo que sonha em ser boiadeiro. A partir daí os dois mantém um belo laço de amizade. No entanto, o clima na cidadezinha não é nada amistoso, o major Batista (José de Abreu), ganancioso fazendeiro da região explora os sitiantes, pagando pelos bois o preço que ele quer pagar e utilizando da violência para intimidar os pequenos criadores.
A trama por si só tinha tudo para empolgar os espectadores por integrar elementos que caem facilmente no gosto do público: atores mirins, ambiente rural, música, clima de faroeste e injustiça social, mas o filme fica só no que poderia ter sido e não foi.
As atuações são muito fracas, a única exceção fica por conta do Major Batista, interpretado pelo ótimo José de Abreu. Graves problemas estruturais que não levam o filme adiante, apesar do clima aparentemente efervescente da trama, a narrativa é lenta, os diálogos são simples demais, em alguns momentos chegam a ser desprezíveis e não acrescentam nada do que é mostrado na telona. Falta o tratamento mais cuidadoso com as imagens, os cortes são muito bruscos, os focos são muito forçados e incômodos.
Um filme que não empolga em momento algum, que nos impõe atuações caricatas com diálogos razos. Tenta aproveitar o rastro do sucesso de “Dois Filhos de Francisco”, mas nem se aproxima da naturalidade e beleza da trama biográfica de Zezé di Camargo e Luciano.
Nota: 4,0
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