Dublê de Anjo
Impossível negar a magia daqueles olhos curiosos, aprisionados entre muros descrentes, dores e lamentos de um hospital. Pupilas que dominam a cena com um charme pueril do tipo inteligente e sapeca. O filme possui entre os seus principais trunfos a protagonista, a fotografia saída de um dos mais loucos sonhos de Dalí, o brilho do cinema mudo da década de 20, além do paralelo contrastante e sereno entre o real e o fantasioso.
A película começa com o flutuar de um bilhete de Alexandria (interpretada pela pequena Cantica Untaru) que destinado a uma das enfermeiras acaba caindo nas mãos de Roy (Lee Pace), o qual está passando por uma fase complicada de sua vida – considerando que além de ter sofrido um acidente em seu trabalho de dublê, deixando-o paralítico, também teve seu coração partido. Assim, corta-se para Alexandria caminhando com probidade por entre os corredores daquele hospital, apresentando aos poucos as mais curiosas personas até encontrar com Roy. O mesmo resolve contar uma história para a menina, que passa a sonhar com cada detalhe da dita.
O que parecia ser uma boa ação, logo beira a maldade, já que por trás da doçura do contador percebe-se a malícia, conduzindo a infante na ânsia de que ela o ajude, sem saber, a cometer suicídio.
A história contada pelo dublê é de uma trama indubitavelmente mágica – explicitando a luta de um grupo de personagens (o indiano, o escravo, o místico, Luigi – especialista em bombas –, Charles Darwin e o Bandido) contra o Governador Odioso. Todas as personagens imaginadas por Alexandria são, convenientemente, interpretadas pelos habitantes do hospital.
Outro ponto que muito favorece ao filme são as interrupções pertinentes de Alexandria durante a história, interferindo e modificando o rumo da fantasia conforme presencia fatos acontecerem na realidade. Ademais, a fotografia da parte “irreal” do filme é algo esplendoroso, incomum, recheada de cores primárias, fortes e intensas. Capazes de fazer qualquer um suspirar perguntando-se: “Estaria diante de uma cena ou de alguma obra de arte?”.
The Fall, dirigido pelo indiano Tarsem Singh (A Cela), apadrinhado por outros dois excelentes diretores: David Fincher (O Curioso Caso de Benjamin Button e Clube da Luta) e Spike Jonze (Quero ser John Malkovich e Adaptação), até pode lembrar Peixe Grande, mas ganha no lirismo do desenrolar dos fatos, já que consegue retratar com verdadeira maestria o imaginário de uma criança. Além de possuir algo de pungente que prende o telespectador no exato limiar da realidade e da fantasia.
Ao final, percebe-se a impossibilidade de negar os encantos do mundo que Alexandria faz questão de lançar na tela.
Impossível negar a magia daqueles olhos curiosos, aprisionados entre muros descrentes, dores e lamentos de um hospital. Pupilas que dominam a cena com um charme pueril do tipo inteligente e sapeca. O filme possui entre os seus principais trunfos a protagonista, a fotografia saída de um dos mais loucos sonhos de Dalí, o brilho do cinema mudo da década de 20, além do paralelo contrastante e sereno entre o real e o fantasioso.
A película começa com o flutuar de um bilhete de Alexandria (interpretada pela pequena Cantica Untaru) que destinado a uma das enfermeiras acaba caindo nas mãos de Roy (Lee Pace), o qual está passando por uma fase complicada de sua vida – considerando que além de ter sofrido um acidente em seu trabalho de dublê, deixando-o paralítico, também teve seu coração partido. Assim, corta-se para Alexandria caminhando com probidade por entre os corredores daquele hospital, apresentando aos poucos as mais curiosas personas até encontrar com Roy. O mesmo resolve contar uma história para a menina, que passa a sonhar com cada detalhe da dita.
O que parecia ser uma boa ação, logo beira a maldade, já que por trás da doçura do contador percebe-se a malícia, conduzindo a infante na ânsia de que ela o ajude, sem saber, a cometer suicídio.
A história contada pelo dublê é de uma trama indubitavelmente mágica – explicitando a luta de um grupo de personagens (o indiano, o escravo, o místico, Luigi – especialista em bombas –, Charles Darwin e o Bandido) contra o Governador Odioso. Todas as personagens imaginadas por Alexandria são, convenientemente, interpretadas pelos habitantes do hospital.
Outro ponto que muito favorece ao filme são as interrupções pertinentes de Alexandria durante a história, interferindo e modificando o rumo da fantasia conforme presencia fatos acontecerem na realidade. Ademais, a fotografia da parte “irreal” do filme é algo esplendoroso, incomum, recheada de cores primárias, fortes e intensas. Capazes de fazer qualquer um suspirar perguntando-se: “Estaria diante de uma cena ou de alguma obra de arte?”.
The Fall, dirigido pelo indiano Tarsem Singh (A Cela), apadrinhado por outros dois excelentes diretores: David Fincher (O Curioso Caso de Benjamin Button e Clube da Luta) e Spike Jonze (Quero ser John Malkovich e Adaptação), até pode lembrar Peixe Grande, mas ganha no lirismo do desenrolar dos fatos, já que consegue retratar com verdadeira maestria o imaginário de uma criança. Além de possuir algo de pungente que prende o telespectador no exato limiar da realidade e da fantasia.
Ao final, percebe-se a impossibilidade de negar os encantos do mundo que Alexandria faz questão de lançar na tela.