"A caçada" (The hunting party)

"A caçada" (The hunting party)

Um item deve estar claro para o público em geral: intenção.

Porque uma das boas coisas de “A caçada” é o titulo original, que expressa a intenção do roteirista e diretor Richard Shepard , e, por que não, a participação de Richard Gere e Terence Howard. O verso da nota: eles sabem o que estão fazendo, isso porque, em dada altura, talvez você se questione. Não sei se é um modismo filmográfico dos gringos mostrar o horrendo buraco mais embaixo da Bósnia, Croácia, Sérvia e cercanias durante o verdadeiro terror por lá ocorrido. Por aqui o modismo da semana é a compra da Nossa Caixa, sem licitação e pela metade do preço. Por aqui as coisas não variam.

Richard Gere vive a obsessão de um jornalista linha de frente, especialista em ver as balas raspando em todos os conflitos planetários desde El Salvador. Parêntese – vale muito a pena ver o filme homônimo, dos 80, sobre esse tipo de jornalismo. Filmaço, acho que é do Oliver Stone, e acho que se chama só Salvador. Fim do parêntese.

Voltemos para a intenção. Tem jeito de filme engajado, mas que pretende fazer o caminho do meio entre o engajamento e o entreter, deixando claro que eles estão levando tão à sério essa toada quanto o empenho das autoridades internacionais em trancafiarem os carniceiros, também alcunhados como “criminosos de guerra”. Parêntese dois: se quiser ir mais fundo no assunto, assista “Julgamentos de guerra”, história verídica da juíza canadense Louise Arbour, que conseguiu judiar um pouco esses celerados. Pouco cinema com bastante documento. Fim do parêntese dois.

Nota informativa – a produção da caçada foi tri: EUA, Croácia, Bósnia-Herzegovina.

Nota 2 - O jovem jornalista Benjamin, que acompanha a dupla pelos Balcans, chama-se Jesse Eisenberg

Nota 3 - Richard Shepard dirigiu “O Matador” e “24 Horas para Morrer”.

Quarto parágrafo – tempera a pipoca com bastante azeite e alecrim (para dar sorte), pois vais assistir um off road nas periferias de Saravejo, aliás a própria decoração da cidade não deixa dúvidas de que por ali o bicho pegou mesmo, Richard Shepard dirige de acordo com o roteiro que ele mesmo escreveu, que foi inspirado num artigo, (deu vontade de ler).

Richard Gere e Terence Howard viveram grandes aventuras no passado, Terence segurava a câmera, Gere o microfone, Gere pirou na batata, Howard cresceu na empresa, e anos depois da guerra eles vão se encontrar na própria Saravejo. Estão bem na foto. Conversa vai, conversa vem, e eles partem para o que seria uma grande missão jornalística. E vão de vilarejo em vilarejo, tomando uma tal de pinga bósnica, que não deve ser tuti fruti, a trama vai dando seus volteios e eles tentando cumprir seus intentos.

Quando chega no The End a sensação é que “The hunting party” se orientou pelo antigo arcano da publicidade antiga: pode não ser uma Brastemp, mas tem que fixar na mente do consumidor. Fixou e entreteve. Até o próximo.

Bernard Gontier
Enviado por Bernard Gontier em 26/11/2008
Reeditado em 19/08/2013
Código do texto: T1304511
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