“As duas faces da lei” (Righteous kill )
“As duas faces da lei” (Righteous kill )
Sem contar que eles usam um slogan algo assim “quase todo mundo respeita um distintivo, mas todo mundo respeita uma arma”. Está no pôster na entrada do cinema, e é repetido no decorrer da moviola vezes além do decoro.
Robert De Niro e Al Pacino. Falando de entertainment e arte, esses nomes impõem respeito. Os dois já trocaram chumbo num filme dos 90, onde o De Niro era o fora da lei e o Pacino o do distintivo. Desta feita os dois usam distintivos e são detetives de primeira classe. São parceiros. O lance da parceria dos dois funciona como um dos fios condutores nesse bonde psiquiátrico com mais alguns fios. Porque o que se resvala nas neuroses “modernas” neste roteiro é duro de mastigar, mesmo não sendo rapadura.
A outra tradução para Righteous kill seria algo como: matança justificada. É só perguntar para a dupla de carniceiros notáveis, e mais próximos de nós cronologicamente falando, conhecidos como “O General e o Poeta”. Acredite se quiser, eles abusaram da insana nomenclatura righteous kill . Mas o território deles é Bósnia, Croácia e adjacências. De Niro e Pacino estão em Nova Iorque, assim, a escala da matança é ínfima, em caso de comparação, restando apenas a justificativa que, segundo ouvi dizer, justifica-se nos 4 cantos do globo.
O pessoal do cast escolheu mais dois nomes bem imbuídos deste repertório, Brian Dennehy e John Leguizamo . Brian fez uns trocentos filmes policiais, ainda que será lembrado como o extra-terreno do “Cocoon”. Pelo menos por mim. John é um rosto competente em segundos papéis de filmes deste gênero, mas ano passado protagonizou um segurança que leva uma bala na cabeça, sobrevive, mas fica meio xarope e tem de viver com essa limitação. Se houvesse um Oscar para o filme B, John levava a estatueta de melhor ator.
Não há resenha possível para louvar a mais que louvada dupla De Niro e Pacino, os caras são bambas em qualquer papel, nalguns eles extrapolam, ambos já fizeram policiais foras de série, embora aqui o que se destaca é uma trama espelho de uma sociedade um tanto enferma dos miolos. Em termos de termômetro sócio econômico cultural, “As duas faces...” está para 2008 assim como “Buliit” está para 1968.
Gastaram 60 milhões para produzir esse filme. Cá entre nós, só se for em cachê.
Truques não faltam. Alguns são batidos, mas no frigir do luzes e câmera, a ação deles funciona.
A mocinha que interpreta a CSI, que gosta da coisa com bastante pimenta, chama-se Carla Gugino .
John Avnet dirige. (“Justiça vermelha”, “Tomates verdes fritos”.)
Não tinha pipoca no cinema. Estavam oferecendo docinhos gratuitos. Pensei em fumar um cigarro mas a recepcionista avisou que o filme estava começando.
Fui de pulmão limpo e docinho no bolso.