Preto e branco

A cor é reflexo que adentra a pupila, que dá pigmentação a iris e reflete a mensagem da deusa que traz conceitos claros, como a clorofila, que biologicamente mistifica o fóton, faz do vegetal fonte da vida e que cura, como Maros. Se a coloração distingue o belo, esqueça do comercial, use a natureza como elo, aprimore seu lado animal, não se poste como o flagelo da boca que alimenta teu lado bestial. Se a coloração distingue o útil, que seja de modo justo, contabilizando o que foi findado, não o fútil, mito do espelho de Fausto, salientando que o próprio Goethe foi enganado, reflexo da nossa sombra inútil, prostrados insolentes como putos, se tua retina capta sentimentos apalavrados, tua inteligência é sutil, fina como tecido vetusto. Se a coloração distingue a cultura, que o hábito falho seja discutido, que a navalha desfaça a sutura, que aflore o verme embutido, a cada segundo de fartura, do banquete florido, que a vida tem de gramatura, para que semelhanças sejam o motivo, dos alicerces que nossa índole propõe como estrutura. Assim como as cores ilustram nossa passagem, vemos que a vida é algo dinâmico, como as pragas que nos acertam na estiagem, fluímos como plástico em terreno prânico, o que mais nos fere é a miragem, ferramenta de barro para este mecânico. Assim como as cores nos trazem sentimentos, sentimos a construção da nossa prole, pinçamos palhas em morais tormentos, esquecemos que o ¨básico¨é um console, talvez a ruína dos teus proventos, e que a moral rígida seja mole, como todos os argumentos, que descem frios em um gole, brotando espinhos nos ornamentos. Assim como as cores mostram a vida, a sutileza da biodiversidade, que o prumo seja de libra garrida, onde o norte seja a verdade, e o sul a escolha tolida, mar onde a depressão se esconde na vaidade e a igualdade se encontra como saída. Caso tua distinção seja pela história, saiba que tudo é teatro, espetáculo dirigido pela escória, sobrevivente ao tabuleiro com coroa e cetro, vencedores em baralhos marcados sem memória, gotejados com sangue humilde em cada metro, trâmite banal na pretória. Caso tua distinção mire a inferiorização, lembre-se que poder e atitude são opostos laçados, nessa ciranda que o paladino é o peão, dança conforme passos mandados, se orienta ao ver algum degrau de elevação, para se saciar nos significados, em se apoderar da discriminação, para se suplantar em um entremeado de fados, onde os mitos são a fonte da prescrição, as regras fazem dos capazes os subjugados. Caso tua distinção ainda não se encontrou acima, quero que reflita, que tire os azulejos do teu ego e mima, tua capacidade de enxergar acima da fita, horizonte claro que sublima, a tua raiz ao chão que atrita, ao real desejo que tua insegurança estima, marola lacustre que corrói tua palafita, e tua análise continua sobre a cor acima, comportamento presunçoso até para um Aurita, salienta que tua evolução está na cota mínima.

Leonardo Pitanga
Enviado por Leonardo Pitanga em 04/06/2020
Reeditado em 04/06/2020
Código do texto: T6967992
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