Análise de A dona do pedaço, de Walcyr Carrasco

A dona do pedaço, atual folhetim das 21h, Globo, escrita por Walcyr Carrasco com direção artística de Amora Mautner, revela o quão lubridiado e conformado está o telespectador da TV aberta, tendo em vista aos altos índices no Ibope desde sua estreia.

A novela conta a história de duas famílias rivais, os Matheus e os Ramires, marcadas pelo ódio e o sentimento de vingança uma pela outra, em que vários membros de ambas são mortos, porém, esse pacto é selado com o amor se Maria da Paz e Amadeu. Por circunstâncias do destino, o casal protagonista se separa e Maria da Paz vai morar em São Paulo, vende bolos e fica rica. Tem uma filha de Amadeu, a Josiane, e muitos anos depois se casa com Régis.

Maria da Paz é uma parva, cega, burra e ignorante, que não vê um palmo a sua frente e sequer desconfia da falta de caráter de sua filha e do caso dela com seu marido, Régis. Mesmo diante de tantas armações, Josiane já matou duas vítimas que a chantagiava, o casal Jardel e Lucas, já incendiou a fábrica, conseguiu convencer Maria da Paz a colocar a empresa no nome dela, sem falar dos desvios altos que ela fez quando comprou e decorou a mansão.

A dona do pedaço demonstra apenas ser mais um conglomerado de tramas remakizadas do próprio autor, explorando seu típico manequeismo raso, personagens sem nenhum desenvolvimento psicológico e emocional, roteiro altamente didático e pobre, situações convencionadas apenas para fazer a novela andar. Parece que o autor leva a sério o fato de usar e abusar da famigerada licença poética, mas se esquece da coerência. De todas suas novelas do horário das 21h do Walcyr, certamente essa é a pior. As únicas ressalvas de elogios são para as atuações de Juliana Paes, a protagonista, Paolla Oliveira, que interpreta Vivi Guedes e Mônica Iozzi, com sua espevitada Kim. No mais, não tem condições dessa novela chegar aos 170 capítulos previstos.

Patrick Sousa
Enviado por Patrick Sousa em 14/08/2019
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