Fichamento de conteúdo e de citação do texto: O que é literatura de Terry Eagleton
Referência
EAGLETON, Terry. Introdução: O que é literatura. In: Teoria da literatura: uma Introdução. Trad. Waltemir Dutra. São Paulo: Mastins Fontes, 2006 p.1-24
Fichamento de conteúdo
Eagleton levanta a questão sobre o que é literatura, e que era antigamente ha definiam como escrita “imaginativa”, mas que se olhássemos a fundo veríamos que essa descrição não procede, que ficção é um fato questionável, o autor expõe o caso de obras que, no passado eram tidas como fatos e hoje são consideradas ficção, ele cita por exemplo a palavra “novel” que no final do século XVI na Irlanda era usada tanto para fatos assim como para ficção, a distinção que hoje fazemos não eram aplicadas na época, mas podemos dizer que hoje a literatura inclui muitos fatos e exclui muita ficção, um exemplo que o autor cita são as histórias em quadrinhos. Ele cita a tese do russo Roman Jakobson que sugere que a literatura seja definida talvez porque emprega a linguagem de forma peculiar, se afastando da fala cotidiana, que literatura representa um a “violência organizada contra a fala comum”, sendo assim a literatura tinha suas leis específicas, suas estruturas e mecanismo não poderia ser analisada como um veículo de ideias e nem uma reflexão sobre a realidade social, mas que poderia ser analisada mais ou menos como uma máquina, que literatura era feita de palavras e não de objetos ou sentimentos, sendo assim um erro considerá-la como a expressão do pensamento do autor.
Os formalistas consideravam a literatura como uma espécie de violência linguística, que era uma forma especial de linguagem, diferente da linguagem que usamos habitualmente, mas a ideia de exista uma linguagem normal para a sociedade é uma ilusão, assim como não a uma moeda usada por todos, a linguagem consiste de uma variedade muito complexa, e pensar na literatura como os formalistas fazem é considerar toda a literatura uma poesia.
Literatura é uma questão de como a pessoa lê, e não pode ser definida objetificamente, não existe uma essência da literatura. John M. Eliis argumentou que a palavra literatura e como a palavra mato, mato não é um tipo específico de planta, mas qualquer planta que por uma razão ou outra o jardineiro não quer em seu jardim, mas literatura talvez signifique o oposto: qualquer tipo de escrita que, por alguma razão, seja altamente valorizada.
Não é possível ver a literatura como uma categoria objetiva, mas também não é possível dizer que literatura é aquilo que queremos chamar de literatura, porque os juízos de valores que a constituem são variáveis, não somente pela história mas pelos grupos sociais, então alguns textos nascem literários e alguns se tornam.
Fichamento de citações
“A literatura transforma e intensifica a linguagem comum, afastando-se sistematicamente da fala cotidiana.” (p.3)
“A obra literária não era um veículo de ideias, nem uma reflexão sobre a realidade social, nem a encarnação de uma verdade transcendental: era um fato material, cujo o funcionamento podia ser analisado mais ou menos como se examina uma máquina. Era feita de palavras não de objetos ou sentimentos, sendo um erro considerá-la como a expressão do pensamento de um autor” (p.4)
“[...]a literatura é uma forma “especial” de linguagem, em contraste com a linguagem “comum”. (p.7)
“[...] “literatura” pode ser tanto uma questão daquilo que as pessoas fazem coma escrita como daquilo que a escrita faz com as pessoas.” (p.10)
“A definição de literatura fica dependendo da maneira pela qual alguém resolve ler, e não da natureza daquilo que é lido.[...], Alguns textos nascem literários, outros atingem a condição de literários, e a outros tal condição é imposta. Sob esse aspecto, a produção do texto é muito mais importante do que o seu nascimento. O que importa pode não ser a origem do texto, mas o modo pelo qual as pessoas o consideram. Se elas decidirem que se trata de literatura, então, ao que parece, o texto será literatura, a despeito do que o seu autor tenha pensado.” (p.12)
“qualquer coisa pode ser literatura, e qualquer coisa que é considerada literatura [...]” (p.16)
“O fato de sempre interpretarmos as obras literários, até certo ponto, à luz de nossos próprios interesses – o fato de, na verdade, sermos incapazes de, num certo sentido, interpretá-las de outra maneira [...]” (p.18)