RESENHA SOBRE FUNDAMENTOS FILOSÓFICOS: NOÇÕES DE ÉTICA, ESTÉTICA, POLÍTICA E METAFÍSICA

VALTÍVIO VIEIRA

Formação do Autor: Curso Superior em Gestão Pública, pela FATEC – Curitiba – PR; Licenciado em Filosofia, pelo Centro Universitário Claretiano – Curitiba – PR, Licenciado em Ciências Sociais, pela UCB – Universidade Castelo Branco – Rio de Janeiro – RJ, Pós-Graduado em Ciências Humanas e suas Tecnologias; Contabilidade Pública e Responsabilidade Fiscal; Formação de Docentes e Orientadores Acadêmicos em Educação à Distância, e Pós-Graduando em Metodologia do Ensino Religioso, ambos pela FACINTER – Curitiba – PR.

SÃO BENTO DO SUL - SC

2012

INTRODUÇÃO

A consciência talvez seja melhor característica que distingue o ser humano dos outros animais. Ela permite o desenvolvimento do saber e da racionalidade, que se empenha em separar o falso do verdadeiro.

Além dessa consciência racional, lógica, o ser humano possui também consciência moral, isto é, a faculdade de observar a própria conduta e formular juízos sobre os atos passados, presentes e as intenções futuras, E, depois de julgar, tem condições de escolher, entre as circunstancias possíveis, seu próprio cominho na vida. A essa possibilidade que cada individuo tem de escolher seu caminho, de construir sua maneira de ser e sua historia, chamamos liberdade.

O objetivo geral desta resenha é de proporcionar a todos que fizerem uso desta, uma reflexão sobre o temas apartir do confronto de idéias e concepções individuais, para o exercício da reflexão filosófica.

Quanto à metodologia, a pesquisa teórica teve por objetivo desenvolver o conhecimento bibliográfico, enfatizando a construção da pesquisa em livros. Nesta resenha será trabalhado temas em relação a ética, a filosofia e a metafísica.

FUNDAMENTOS FILOSÓFICOS: NOÇÕES DE ÉTICA, ESTÉTICA, POLÍTICA E METAFÍSICA

Como a própria etimologia da palavra revela (é formada dos termos gregos philos, “amigos”, “amante”, e Sophia, “sabedoria”), filosofia quer dizer “amor à sabedoria”. E sabedoria, para os gregos, não era apenas um grande saber teórico, mas principalmente prático, tendo em vista que buscava atender ao que consideravam o objetivo supremo da vida humana: a felicidade.

Assim, a filosofia apresentava-se como um conhecimento superior que conduzia à vida boa, isto é, que indicava como viver para ser feliz. E o filósofo se reconhecia como aquele que buscava, praticava e ensinava um método, um caminho para a felicidade.

Oposto: buscamos felicidade e acabamos conseguindo infelicidade. Por isso é tão importante desenvolver um conhecimento mais crítico sobre o mundo, sobre as coisas. Como diz o ditado popular, “nem tudo o que reluz é ouro”.

As primeiras explicações conhecidas sobre o mundo, encontram-se lendas e mitos de culturas muito antigas – egípcia, indiana, chinesa, grega, romana, asteca e outras – e suas respectivas cosmogonias ou cosmogêneses, isto é, exposições sobre a origem e formação do universo.

No caso dos gregos, um conjunto de deuses primordiais representava, segundo a narrativa mítica, o surgimento do cosmos (conceito grego referente a um “universo ordenado”). De acordo com o poema Teogonia (“origem dos deuses”), de Hesiodo, escrito por volta de VIII a. C., a primeira divindade teria sido Caos (o abismo, o vazio indeterminado e ilimitado), mas logo apareceram Gaia (a Terra), Tártaro (o mundo subterrâneo, de trevas profundas) e Eros (o amor). De cada uma dessas divindades vieram outras e, da união entre elas, nasceram outras mais, conformando assim varias estirpes de deuses e deusas, heróis e heroínas e outras entidades.

Desse modo, as forças e os fenômenos da natureza e dos seres naturais estavam simbolicamente representados em seres divinos ou sobrenaturais, concebidos segundo a imagem humana, antropomorfizados. A cosmogonia contida nos mitos equivalia praticamente à genealogia de suas deidades. Porém, com a filosofia é criado a explicação racional dos fenômenos do mundo.

O filosofo usa da pergunta para a busca do conhecimento. Perguntas é, no mínimo, a expressão do desejo de conhecer mais sobre algo ou alguém, do interesse pelo que pensa, sente e é o outro. Portanto, elas se complementam com a atitude de saber escutar, de dar a adequada atenção ao que o outro questiona ou propõe, de tal maneira que possa haver uma verdadeira troca de percepções e reflexões.

Muitas vezes descobrimos nesse processo, nesse diálogo respeitoso, que a outra pessoa que observa o mundo a partir de uma perspectiva diferente da nossa – percebeu coisas que não tínhamos percebido ainda, notou problemas nos quais não havíamos pensado até então. Isso ampliará nossa maneira de ver as coisas e a nós mesmos, ampliando nossos horizontes e possibilidades de escolha para a construção de uma vida mais justa, sábia, generosa e feliz.

Isso significa que nem todo tipo de dúvida é filosófico. Por exemplo: “Quem será o campeão brasileiro de futebol deste ano?” não é uma dúvida filosófica, e sim uma simples especulação sobre algo que está para acontecer, por mais angustiado que se sinta o torcedor com essa questão. Pode ser um bom exercício teórico discutir com colegas ou especialistas as possibilidades de seu time do coração em comparação com as de outros, para saber suas opiniões. Mas a resposta a esse tipo de dúvida virá da própria sucessão dos acontecimentos (ou jogos) ao longo do tempo (ou do campeonato), tornando-se um fato inquestionável.

A dúvida filosófica propriamente dita surge de uma necessidade inquietante de explicação racional para algo da existência humana que se tornou incompreensível ou cuja compreensão existente não satisfaz. Geralmente são temas para os quais não há resposta única ou para os quais a mente humana sempre retorna. Por exemplo, quem já não se fez, mesmo que intimamente, a pergunta “Por que tanta maldade?” ao saber de mais uma das atrocidades, aparentemente inexplicáveis, de que alguns seres humanos (ou desumanos) são capazes? Tal questão conduz a outras, mais básicas e fundamentais, como “O que é o mal?“, O que é o ser humano?, É da essência do ser humano ser mal?, É da essência do ser humano ser bom?.

A dúvida verdadeiramente filosófica é aquela que favorece, portanto, o exercício fecundo da inteligência, do espírito, da razão sobre questões teóricas importantes para todos nós.

A dúvida metódica tornou-se uma referência importantíssima e um clássico da filosofia moderna. Trata-se de um exercício da dúvida em relação a tudo o que ele, Descartes, conhecia ou pensava até então ser verdadeiro. Tal exercício foi conduzido pelo filósofo de maneira:

•Metódica, porque a dúvida vai se ampliando passo a passo, de maneira ordenada e lógica; e.

•Radical, porque a dúvida vai atingindo tudo e chega a um ponto extremo em que não é possível ter certeza de nada, nem de que o mundo existe. Como em um jogo, uma brincadeira, Descartes tentou duvidar até da própria existência. Por isso, a dúvida metódica costuma ser chamada também de dúvida hiperbólica, isto é, maior que o normal ou esperado, exagerada. Note que é um exercício bastante difícil, pois não é natural duvidar de tanta coisa.

A consciência moral e liberdade estão intimamente relacionadas, só tem sentido julgar moralmente a ação de uma pessoa se essa ação foi praticada em liberdade. Quando não se tem escolha (liberdade), quando se é coagido a praticar uma ação, é impossível decidir entre o bem e o mal (consciência moral). A decisão, nesse caso, é imposta pelas forças coativas, isto é, que determinam uma conduta. Exemplo: tendo o filho sequestrado, o pai cumpre ordens do sequestrador. Sua ação está determinada pela coação do criminoso.

Quando, porem, estamos livres para escolher entre esta ou aquela ação e fazemos uma escolha, tornamo-nos responsáveis pelo que praticamos e podemos ser julgados moralmente por isso.

Observamos que o termo responsabilidade vem do latim respondere, “responder”, e significa estar em condições de responder pelos atos praticados, isto é, de justifica-los e assumi-los. É essa responsabilidade, enfim, que pode ser julgada pela consciência moral do próprio individuo ou do seu grupo social.

Uma propriedade que se costuma atribuir à consciência moral é a de que nos fala como uma voz interior que geralmente nos inclina para o caminho da virtude. Mas o que é virtude?

A palavra virtude deriva do latim virtus, “força ou qualidade essencial”, e significa, no contexto da moral, a qualidade ou ação que dignifica o ser humano. E qual é essa qualidade ou ação?

Há muitas interpretações sobre esse tema, mas podemos dizer, basicamente, que a pratica constante do bem, correspondendo ao uso da liberdade com responsabilidade moral. Assim, são considerados vícios a violência, a infidelidade, a insensatez, a injustiça, a covardia, a mesquinhez etc.

A maior expressão dessa concepção filosófica acerca da liberdade é encontrada no pensamento do filosofo francês Jean-Paul Sartre (1905-1980), que afirmou que “o homem esta condenado a ser livre” ( O existencialismo é um humanismo, p.9).

Segundo essa via de interpretação, o ser humano é determinado e livre ao mesmo tempo. Determinismo e liberdade não se excluem, mas se completam. Nessa perspectiva, não faz sentido pensar em uma liberdade absoluta nem em uma negação absoluta da liberdade.

A filosofia diz respeito à existência de cada um e à vida cotidiana. A filosofia não é uma disciplina, mas uma força de interrogação e de reflexão dirigida não apenas aos conhecimentos e à condição humana, mas também os grandes problemas da vida. Nesse sentido o filosofo deveria estimular, em tudo, a aptidão crítica e autocrítica, insubstituíveis fermentos da lucidez e exortar à compreensão humana, tarefa fundamental da cultura.

Todo homem é, de um modo ou de outro, filosofo, porque faz reflexões de caráter existencial. Portanto, é uma atividade que deve ser feita em primeira pessoa. Importa que cada qual filosofe por si mesmo, do mesmo modo que anda com seus próprios pés. Trata-se, pois, de fazer das aulas de filosofia, em primeiro lugar, uma reflexão sobre o sentido da vida. Ensinam-se todas as ciências ao homem que lhe dão respostas sobre tudo o que deverá fazer e como fazer, mas não lhe Poe a pergunta por que fazer, por que viver. Afinal, a questão essencial, para o homem, é a questão do suicídio: A vida vale ou não vale a pena ser vivida? Mas, alguns dirão: por que dar valor à vida, se um dia ela nos será tirada, se um dia iremos perdê-la?

Portanto, não pode ser uma disciplina estritamente acadêmica ou técnica.

A existência humana é situada num mundo que busca o progresso e o desenvolvimento. Eis onde entra a reflexão filosófica sobre a natureza do desenvolvimento e quais os valores que o sustentam, sobre a ideologia se articula. È preciso denunciar o desenvolvimento enquanto uma aventura isolada das elites mais favorecidas, em detrimento das classes que se sentem marginalizadas e que introjetam a alienação perante tal fenômeno.

Nascido em Messkirch, na região de Baden, Alemanha, Martin Heidegger (1889 – 1976) desenvolveu sua formação filosófica na Universidade de Freiburg, onde Edmund Husserl era professor. Publicou, em 1927, uma de suas mais importantes obras, Ser e tempo.

Com a ascensão de Hitler ao poder, em 1933 afastou-se de seu antigo mestre e amigo Husserl, que era judeu. Não muito tempo depois, porém, talvez por tomar consciência das crescentes atrocidades nazistas, demitiu-se da Universidade de Freiburg, da qual era então reitor, e isolou-se em sua casa nas montanhas da Floresta Negra, mantendo poucos contatos até a morte.

Rompendo com a tendência dominante da filosofia moderna, que desde Descartes estava voltada para a teoria do conhecimento, Heidegger retomou a questão da ontologia, a investigação do ser. Para ele, o problema central da filosofia é o ser, a existência de tudo.

O filosofo negou que fosse um existencialista. Devemos, segundo afirmava, começar investigando nossa existência porque é dela que, primeiramente, temos consciência. Mas uma filosofia que colocasse apenas o ser humano como centro de preocupação seria antes uma antropologia. Por isso dizia que a questão que o preocupava não era a existência do ser humano, e sim a questão do ser em seu conjunto e enquanto tal. Essa sua intenção, no entanto, somente ficou clara a partir de 1930, quando publicou Da essência da verdade.

Heidegger criticou aquilo que considerava uma confusão entre ente e ser, ocorrida ao longo da história da filosofia. Para ele, o ente é a existência, a manifestação dos modos de ser. O ser é essência, aquilo que fundamenta e ilumina a existência ou os modos de ser. A partir dessa diferenciação é possível estabelecer duas fases da filosofia heideggeriana.

A primeira caracteriza-se pela busca do conhecimento do ser por meio da analise do ente humano, da existência humana. Na segunda, o ente sai do primeiro plano e o próprio ser torna-se a chave para a compreensão da existência.

O projeto filosófico de Heidegger é construir uma ontologia, uma teoria do ser. Heidegger elabora uma teoria do ser, que o guia até a constatação de que a composição do ser na modernidade consolidada pauta-se no desespero.

O esclarecimento do sentido do ser é a tarefa fundamental de toda e qualquer ontologia. De acordo com Heidegger, o ponto de partida de uma veraz teoria do ser é a fenomenologia, isto é, a captura do homem em sua singularidade, em seu comportamento típico.

Heidegger, faz a critica a metafísica tradicional, e a tarefa da filosofia é destruir a metafísica, para libertar das amarras da metafísica tradicional. Os conceitos da metafísica tradicional não foram capazes de definir o ser, pois o mesmo é indefinível. Todo conceito fecha a possibilidade do filosofar, nunca em matéria filosófica pode-se definir um conceito com precisão, pois, toda as vezes, que define-se algo como certo e verdadeiro, não á espaço para questionamento e duvidas, e muito menos critica. Os metafísicos esqueceram-se do Ser, e se confundiram com o ente. A metafísica não consegue conceituar o ser.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O ser humano é determinado e livre ao mesmo tempo. Determinismo e liberdade não se excluem, mas se complementam. Liberdade é, em parte, a compreensão da necessidade.

Como a filosofia é reflexão, deve partir de um diagnostico realístico da situação, para não correr o risco de cair num mundo alienado e estratosférico.

Não basta ver os males da humanidade e compadecer-se dela; é preciso que à compaixão acrescentemos à ação. Tudo o que é humano nos atinge. Ver os males da humanidade hoje e deixar para amanha a sua solução, é renunciar agora à mesma humanidade.

Na obra Ser e tempo (1997), Heidegger busca delimitar a compreensão do ser em geral a partir de uma analise fenomenológica do ente que pensa o ser, isto é, o homem, que, na terminologia heideggeriana, é chamado de Dasein (ser aí), constituindo-se como um ser para a morte, pois não é tão certo na vida humana quanto o fato de que um dia ela terá fim, ainda que não se saiba, de modo preciso, como e quando isso acontecerá. A consciência da morte como condição existencial última da vida humana é o que permite ao homem viver uma vida autentica.

Na verdade, esse autor está interessado na questão do ser, mas, ao tentar abordá-la por meio de uma antropologia filosófica, isto é, por meio de uma analise da existência humana de um ponto de vista fenomenológico, Heidegger se tornou a principal fonte de inspiração de outra corrente filosófica conhecida como existencialismo.

REFERENCIA

ABBAGNANO, Nicola. História da Filosofia. Lisboa: Presença, 1982

CARLI, Ranieri. Antropologia Filosófica. Curitiba: IBPEX, 2009

COTRIN, Gilberto. Fundamentos de Filosofia (Manual do Professor). São Paulo: Saraiva, 2010.

FRANKENA, Willian K. Ética. Rio de Janeiro: Zahar, 1969

HEIDEGGER, Martin. Ser e Tempo. Petrópolis: Vozes, 1997.

___________. Ser e verdade. Petrópolis: Vozes, 2007.

VAZ, Henrique Cláudio de Lima. Antropologia Filosófica. São Paulo: Loyola, 1993.

Valtivio Vieira
Enviado por Valtivio Vieira em 21/05/2012
Código do texto: T3679803
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