"CÊ", O Rock estilo CAETANO VELOSO.
"CÊ", O Rock estilo CAETANO VELOSO.
Um artista consagrado pode se dar ao luxo de lançar discos medíocres, com apenas uma música legal, que aliada ao seu carisma e aos inúmeros sucessos antigos já rendem um bom show. É viver de um passado glorioso e repetir fórmulas já manjadas mas que agradam o público fiel que o acompanha ao longo dos anos. Eis, que evoluir dentro do próprio estilo e criar o novo diante das tendências do momento são, então, os maiores desafios de qualquer artista. Ao afirmar que “Há canções demais nesse mundo. Eu próprio já fiz uma quantidade ridícula delas. Quase sempre com muita ambição e pouco cuidado”, o cantor e interprete Caetano Veloso, que acaba de lançar o disco “Cê”, parece ter consciência desses desafios.
Caetano sempre nos brinda com a sua originalidade a cada trabalho. Ora cantando sambas, outrora músicas internacionais, às vezes interpretando músicas antigas suas e de outros cantores, mas sempre com bom gosto e carisma. O cartão de visitas deste CD de inéditas é o flerte com o Rock dos anos oitenta, o Rock ao estilo Caetano, presente na maioria das faixas, sobretudo em “Rocks”, que é a mais elétrica de todas, onde a fórmula guitarra/baixo/teclado/bateria dão ensejo à interpretação do “vocalista” da banda.
Em linhas gerais “Cê” é um disco bom, mas que traz a recorrente influência da cultura de massas do imperialismo americano, que o nosso ídolo, antes um dos maiores nomes da contra cultura, insiste em fazer tributos desde “A Foreign Sound”, aquele disco em que ele interpreta canções populares em inglês. Estaria o nosso herói Tupiniquim, com aquele disco tentando fazer terrorismo musical contra o povo americano, bem como neste “Cê” atentando contra o povo brasileiro? Seria exagero dizer que é MPB demais para ser Rock e Rock demais para ser MPB? Que seria apenas mais um disco de MPB (Música Popular Americana)?
Piadas e brincadeiras à parte, cabe aqui ressaltar e louvar a criatividade e o ecletismo deste grande nome da nossa, agora também da deles, cultura popular. É aprender inglês, aceitar a massificação do imperialismo e ouvir a música “Não me arrependo”, que é o novo sucesso de Caetano, e logo estará entre as mais tocadas.