Três Por Cento
O concurso público do futuro, num Brasil pós-apocalipse, que aliás já não era mais um país com esse nome e sim o Continente, disponibilizava 3% de vagas. Àqueles que conseguissem êxito sairiam da miséria para o conforto de uma nova vida. E que miséria seria essa? A mesma apresentada por todos os filmes ou seriados que tratam de momentos pós catástrofes, guerras ou algo do tipo. Milhares de pessoas lutando diariamente por comida, morando em condições sub-humanas e ainda sendo monitoradas pelos ocupantes das instalações onde esse concurso seria realizado: Todos os cidadãos eram chipados. Havia um grupo de rebeldes, uma força contrária ao sistema político em vigor, controlado pelos realizadores do tal concurso. Digamos que esses “políticos”, além de total controle sobre a vida e a morte dos cidadãos, ainda mantinham o privilégio de morarem e comandarem tudo de fora do Continente, num lugar chamado de Maralto, acessado somente por submarino. Àqueles 3% escolhidos embarcariam para o Maralto e nunca mais voltariam, deixando para trás amigos e familiares.
Qualquer semelhança com a realidade de muitos países, inclusive o nosso, não é mera coincidência.
Se todo o Poder, realmente emanasse do Povo, e em nome Dele fosse exercido, nós poderíamos eleger e destituir qualquer um, desde que tivéssemos a certeza de que fomos enganados com propostas mentirosas daqueles que se apresentaram nos horários políticos. Infelizmente servimos para dar poder e não para retirá-lo.
Esse seriado brasileiro, produzido pela Netflix, teve quatro temporadas. Não é um primor de produção, muito menos de elenco, mas dá para ser assistido até o final.