Uma Esmola

Dê-me uma esmola, seu moço,

Com fome se pensa fraco.

Com duas mãos agarro o osso

E grito até virar caco.

É mirrado o meu pescoço,

E é fundo cada buraco.

- Dê-me uma prata, seu moço;

É tão frio o meu barraco!

Desconsolado, eu me tomo

Raposa sem galinheiro.

Identifico-me como

Devagar, não sou ligeiro;

Tangerina sem ter gomo,

Zero à esquerda sem primeiro;

Limpidez sem sabão "Omo";

Carnaval sem Fevereiro.

E grito até ficar fraco,

Quebrar de lado o pescoço,

Pois estou ficando um caco...

- Dê-me uma esmola, seu moço!

***

(25/4/2008)

Jarrê
Enviado por Jarrê em 20/09/2018
Código do texto: T6454778
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