Uma Esmola
Dê-me uma esmola, seu moço,
Com fome se pensa fraco.
Com duas mãos agarro o osso
E grito até virar caco.
É mirrado o meu pescoço,
E é fundo cada buraco.
- Dê-me uma prata, seu moço;
É tão frio o meu barraco!
Desconsolado, eu me tomo
Raposa sem galinheiro.
Identifico-me como
Devagar, não sou ligeiro;
Tangerina sem ter gomo,
Zero à esquerda sem primeiro;
Limpidez sem sabão "Omo";
Carnaval sem Fevereiro.
E grito até ficar fraco,
Quebrar de lado o pescoço,
Pois estou ficando um caco...
- Dê-me uma esmola, seu moço!
***
(25/4/2008)