Paradoxo da empatia e um equívoco sobre o mesmo assunto
1. Por que alguns (ou muitos) dos indivíduos mais empáticos acabam se tornando críticos, cínicos e/ou mal humorados?? (Falo por experiência própria)
Se eu me coloco no lugar ou na situação de: crianças palestinas, assassinadas por mísseis israelenses na faixa de Gaza; vítimas da covid-19*; vítimas do frio, da fome, do abandono, do ódio irracional; no lugar de animais mortos por mais um ''incêndio ilegal'' na Amazônia ou no Pantanal; de animais assassinados aos bilhões e, ainda com extrema crueldade, para alimentar nossa espécie parasita e alienada, mas, especialmente para engordar os bolsos de sujeitos inescrupulosos (muitos que estão no poder, aliás); de ''animais'' domésticos que são torturados pelos seus supostos tutores; enfim, de todo tipo de sofrimento, a maioria desnecessário, então, não tem como eu permanecer indiferente a essas situações sem que reaja da maneira mais apropriada, com irritação, tristeza, desesperança, medo, raiva e, sim, também com cinismo, deboche, especialmente em relação à propaganda positiva, que visa esconder o quão podre é o mundo humano, aos ''idiotas úteis'' que o defendem e aos "demônios" que o controlam.
II. Ter empatia é o mesmo que mentir para agradar??
Ter empatia é o mesmo que se colocar em outras perspectivas, seja situacional, cognitiva e/ou emotiva. A partir daí, o que a pessoa fará não pode ser considerado como empatia, porque, ainda que costume aumentar nossa simpatia ou compaixão pelo outro, nada impede que tenhamos reações diferentes. Sim, porque empatia não é o mesmo que compaixão.
Das empatias (sim, existe mais de um tipo), a emotiva é a mais provável de resultar em sensibilização pela situação alheia.
Junto a essa ideia, de que empatia é o mesmo que compaixão, também é comum de pensar que se manifeste a partir de "mentiras brancas". Por exemplo, é empático, supostamente, elogiar a maneira que certa pessoa está vestida mesmo se não concordar, enquanto que, seria falta de educação e, portanto, de empatia ou sensibilidade, dizer o que está realmente pensando, mesmo com polidez. Mas, a empatia é nada mais nada menos do que se colocar no lugar do outro e não necessariamente de mentir para agradá-lo. No meu caso, eu sempre prefiro que a pessoa seja mais honesta sobre o que está sentindo ou pensando sobre mim do que falsa. Claro que, também prefiro ser elogiado do que ofendido, mas, especialmente se for baseado em critérios objetivos. Porque eu tenho uma espécie de ímpeto natural para ser honesto com o outro; porque eu gostaria de ouvir dele verdades, e não mentiras, ainda mais se forem óbvias. Prefiro ouvir que estou "mal vestido" ou de dizer isso à pessoa, se for mesmo o caso, com o intuito de ajudá-la a se "vestir melhor", se isso estiver atraindo comentários maldosos e, o mais importante, se estiver lhe/me causando mal estar.
Pois parece que, para a maioria das pessoas, elogios, mesmo que falsos, são mais desejáveis do que ouvir dos demais o que realmente estão pensando (verdade subjetiva) ou a partir de critérios objetivos.
Para mim e para muitos iguais a mim, é organicamente difícil mentir (mas não é impossível e depende da situação). Por isso que, quando eu minto, visando o bem estar alheio, eu preciso me esforçar para ser convincente na minha atuação. De qualquer maneira, isso não significa que eu seja menos empático, justamente porque quando me coloco no lugar do outro, eu estou pensando em como gostaria de ser tratado, preferencialmente com respeito, mas sem ''mentiras brancas'' descaradamente óbvias.