O que musculação, cirurgias plásticas estéticas e transexualidade têm em comum??

Todas (transmusculação, transaparência...) se consistem na percepção emergente de uma inadequação sobre a própria autoimagem: do indivíduo não-atlético que deseja se tornar atlético e/ou musculoso; daquele, geralmente daquela, que não gosta de sua própria imagem refletida no espelho e que gostaria de 'melhorá-la". E, por fim, daqueles que descobrem ter grande afinidade com o sexo oposto ao seu, de nascimento ou biológico. Portanto, quando for criticar abertamente a transexualidade, isto é, sem ponderação ou com preconceito, primeiramente, apenas pense nesses outros "trans"....

Transnaturalidade

Este é outro aspecto que têm em comum porque são todos comportamentos transnaturais, tipicamente humanos, assim como: cortar, alisar e/ou pintar os cabelos;usar roupas; computador... e até mesmo as palavras que usamos, porque transcendem uma suposta "ordem natural", reinventando a própria realidade, a priori, para maximizar nossa capacidade de adaptação e sobrevivência, coletiva e individual, se de maneira direta, tal como no caso da confecção e do uso de roupas, ou indireta, porque nos ajuda a preencher nossos tempos de existência com distrações, fundamentais para nós, que somos os seres vivos mais autoconscientes e, portanto, conscientes da passagem imparável do Tempo refletida em nós mesmos.

Argumento contra uma falácia muito usada para deslegitimar o transexualismo

"Se um indivíduo do sexo masculino não se sente confortável com o seu próprio corpo biológico pois se percebe como do sexo feminino, então, se eu tenho um metro e setenta mas me sinto como se tivesse um metro e noventa, eu também sou uma espécie de trans.. E o mesmo para quem nasce negro mas se sente/gostaria de ser branco, etc"

Essa parece ser uma espécie de falácia de "coerência universal", em que se despreza que, para toda regra, existem exceções. Aqui, no caso, a maior exceção é a própria transexualidade, porque quanto aos outros exemplos de inadequação, primeiro, mesmo se fossem casos legítimos, parecem ser extremamente raros ou estatisticamente desprezíveis. Segundo e o mais importante que, não apresentam respaldo bio/neurológico diretamente correspondente.