Maternidade e mercado de trabalho em questão no Brasil

Durante o período Neolítico, a divisão do trabalho baseava-se na diferença sexual, em um modelo de atribuição de afazeres que consistia em atividades de caça para os homens e de atividades domésticas para as mulheres, uma vez que eram consideradas frágeis e meros meios de procriação. De modo análogo, persiste na sociedade contemporânea brasileira, resquícios desse exemplo de organização social, motivado principalmente pelo preconceito, pela estrutura do patriarcado, e pela errônea ideia de que o ato de se tornar mãe torna inconciliável todo tipo de trabalho. Os efeitos de tais ideais podem ser verificados na exclusão trabalhista, na desigualdade salarial e na falta de oportunidades às mulheres.

Em primeiro plano, convém ressaltar que a queda nas taxas de fecundidade é um fenômeno que modificou a estrutura etária da sociedade brasileira a partir da introdução e da disseminação dos métodos contraceptivos nos anos 1970. Partindo dessa análise, pode-se inferir que a possibilidade de escolha por parte da mulher, representou não apenas uma mudança na estrutura familiar, mas também um avanço na independência feminina nos âmbitos trabalhista, social e financeiro. Ademais, dados de uma pesquisa realizada pela MindMiners, evidenciam que aproximadamente 30% das mulheres grávidas entrevistadas, declararam ter sofrido violência psicológica por conta de pressão no trabalho, o que corrobora com a ideia de que a gravidez é sinônimo de custos e prejuízos para a empresa.

Apesar dos significativos avanços no empoderamento feminino nas últimas décadas, a sociedade no geral, não se modificou o suficiente para a quebra de preconceitos que alimentam as violências. É interessante notar que independente de sua escolha, a mulher de certo modo não estará livre de nenhum fardo. A partir disso, depreende-se a necessidade de escolha sobre a prioridade que se deseja ter: a maternidade ou o mundo profissional. Tamanha radicalização conduz ao retrato do cenário de efetiva desvalorização da mulher grávida que hoje se presencia, em uma condição de vulnerabilidade e de incertezas acerca das perspectivas de consolidar uma carreira.

Diante de uma conjuntura que não favorece as mulheres, nem assegura às mesmas os devidos direitos de gravidez, amamentação e cuidados pós-parto no contexto do trabalho, é imprescindível que o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, elabore políticas afirmativas de inserção feminina, que possam ser aplicadas no ambiente corporativo, oferecendo benefícios às empresas que empregam mulheres sem distinção. Com o intuito de, por meio de contratações, campanhas e projetos de empreendedorismo, incentivar o trabalho da mulher e reconhecer sua contribuição, reduzindo o desemprego e as disparidades entre homens e mulheres e desse modo, garantir um ambiente de trabalho mais justo e equitativo, respeitando as diferenças de todas as naturezas.

Flora Fernweh
Enviado por Flora Fernweh em 14/03/2021
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