Intelectocracia e meritocracia

Na minha opinião, a crítica das esquerdas em relação à meritocracia está predominantemente errada, porque parecem pensar que um sistema de gratificação por mérito seja, por si mesmo, moralmente condenável. Mas qualquer sistema social que não se baseie no verdadeiro mérito está condenado a ter como regra a injustiça de se escolher quem não está mais apto para exercer determinada função, de se escolher por outros critérios, geralmente mais escusos, do que por competência (técnica e moral), e também de não recompensar de maneira proporcional ao trabalho ou contribuição dada. Por isso, não é coerente, por parte delas, defender pela justiça de pagar salários às classes trabalhadoras que estejam de acordo com o papel importante que exercem na sociedade e, ao mesmo tempo, condenarem a verdadeira meritocracia, acreditando que se expresse unicamente pela gratificação desproporcional aos profissionais de colarinho branco, incluindo os donos dos meios de produção (tal como, de fato, tem acontecido).

A meu ver, a única crítica pertinente à meritocracia seria de que, com base nessa ideia de recompensa proporcional, idosos e deficientes, por exemplo, acabassem sendo penalizados. Mas para se chegar a esse ponto, apenas se tolos ou idiotas morais tomassem o poder e, portanto, corrompessem esse sistema em um cenário hipotético de prática integral.

As esquerdas, no entanto, estão certas por mostrarem que não existe um sistema realmente meritório em vigência, em contraste à crença conservadora pelo oposto.

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Por isso que, a intelectocracia seria basicamente o mesmo que uma prática sistemática da verdadeira meritocracia, começando pela escolha de "sábios" para o cargo de governantes, pelo mérito de serem os mais aptos para essa função, e, a partir daí, o risco de perpetuação ou piora do quadro de desigualdades sociais seria significativamente minimizado, se, por uma análise objetiva, neutra e justa, conclui-se que, os donos dos meios de produção e os trabalhadores contribuem de maneira proporcionalmente parecida, se diferenciando quanto à natureza de cada tipo de contribuição*. E também que, a contribuição de cada um à sociedade precisa ser de acordo com as suas capacidades, cabendo aos grupos incapazes disso, se por motivo de idade ou condição de saúde, a nossa solidariedade, de sabermos que não têm culpa e que, ajudá-los é uma medida de civilidade e harmonia, se também há mérito em ajudar quem mais precisa, especialmente a partir da conscientização das verdades existenciais, de sermos todos iguais, em essência, seres vivos e mortais.

* Apesar disso, existem vários casos em que ocorrem excessos de gratificação para determinadas profissões, por exemplo, os salários exorbitantes dos juízes..

Mais um Thiago
Enviado por Mais um Thiago em 17/02/2021
Reeditado em 09/10/2022
Código do texto: T7186394
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