LEMBRANÇA DE UM AMOR MORTO
Não importam os tropeços da vida, os desenganos contínuos do amor, as
ilusões e o despertar brutal dos nossos sonhos. Não importam os espinhos
do caminho, nem a maldade daqueles a quem julgávamos amar. A vida é
uma sequência de alegrias e tristezas, de prazeres e desenganos, de amo-
res e frustrações. Já não importa a campa fria, onde enterrei o nosso amor
e não importa a imensa saudade que vive a machucar o meu peito. Já não
me faz chorar a lembrança do passado. Talvez, julguei mesmo, que o meu
cérebro já é um túmulo de loucura. Saiba, pois, que te enganas. Sei tudo o
que falo, assim como sinto o que faço, mas já nada disso me importa por-
que estou inteiro morto, mesmo que continue assim a fingir-me vivo.
Meu coração só palpita mas não sofre, nem espera, ele está inerte a to-
dos os sentimentos, já não sabe amar nem odiar, é como um sacrário va-
zio onde só há beleza mas que passa de um ornamento qualquer. Já não
lastimo os mortos e nem sofro a dor daqueles que nos cercam porque um
morto é apenas um morto. Á espera apenas de uma prece e um último
ADEUS !...
-o-o-o-o-o-
B.Hte., 04/09/20