Crise hídrica
Graciliano Ramos explora em sua obra de grande renome "Vidas Secas", a temática da crise hídrica que assola a região do nordeste brasileiro por meio de uma trama que evidencia o impacto das secas na vida árdua das persongens. De modo análogo, evidencia-se que a crise da água no Brasil contemporâneo persiste e suas dificuldades fazem-se presente no cotidiano e no modo de viver de muitas pessoas. O desafio não foi solucionado à medida que o país se expandiu e recebeu investimentos e por se tratar de uma questão que aflige determinadas regiões, ela é encarada como um problema historicamente acomodado.
Conforme o relatório de 2017 publicado pela Agência Nacional de águas, 48 milhões de pessoas foram afetadas por secas ou estiagens no território nacional entre 2013 e 2016, sendo que o percentual de 84% desse número foi constatado no nordeste. Analisando esses dados, evidencia-se que as condições proporcionadas por um clima semiárido que induz à escassez de chuvas e os aspectos do solo e do sistema de irrigação são fatores que contribuem com a seca. Entretanto, o Brasil conta com um extenso número de rios, entre eles destaca-se o Rio Amazonas, além de ser um país rico em recursos hídricos. Desse modo, o que explica a carência da água não é a falta de água em abundância para suprir toda a população, mas a falta de sua apropriação estratégica e igualitária.
Apesar dos obstáculos relacionados à falta de água entre a população brasileira, entre as atividades que mais demandam água, estão a agricultura e a pecuária, que se consolidam como dois importantes setores econômicos. Com a falta da água, sua produção torna-se prejudicada e os impactos podem ser fortemente notados. Uma parcela significativa da água é também utilizada nas indústrias, que compõem um cenário urbanizado sustentado na maioria dos casos pela falta de planejamento tanto espacial quanto em relação à disponibilidade de recursos. Com a sobrecarga dos sistemas de abastecimento, o Brasil torna-se vulnerável com qualquer grande seca que possa se suceder.
Diante das problemáticas levantadas, que se direcionam ao cenário atual da crise hídrica, é fundamental que medidas a curto e longo prazo se efetivem, como a sistematização do racionamento de água por parte do Governo Federal com a parceria de órgão e serviços de represamento envolvidos, no intuito de gerenciar os gastos da água destinada às atividades primárias. Além disso, é essencial que o projeto de reestruturação do Sistema Cantareira seja retomado, e que campanhas conscientizando sobre a economia de água seja implantada, visando progressos.