Xirimp
Em 18 de junho de 2020.
O animal tem espírito, tem alma?
Segundo algumas obras do Espiritismo, os animais têm alma, ou melhor, os animais são espíritos e possuem o mesmo principio de vida e o princípio inteligente que, ao longo do tempo, vai se aperfeiçoando e evoluindo. De acordo com elas há uma lei geral que rege os seres da criação, animados ou inanimados: é a lei do progresso.
Em contrapartida há linhas de pensamento que defendem que somente ao homem foi concedida a possibilidade de evolução, e que os demais seres e criações da natureza estariam por aí a servi-lo nessa caminhada.
De todo modo, ao olhar mais atentamente para os animais não humanos (lembrando que os homens são também animais), observa-se a particularidade de cada indivíduo, de cada um ser próprio, e das suas diferentes relações com outros seres e dos seus diferentes papéis dentro do seu círculo de vivência. Tomás de Aquino já afirmara que todo ser criado tinha a sua missão e o seu papel na vida.
O assunto, complexo e extenso, não é o objeto deste texto. Ao contrário, a simples constatação mais rasa de que um animal irracional não há de ter consciência, mas que tem a sua individualidade, será suficiente para essa digressão. Será o bastante para o que se quer refletir e cuidar.
O indivíduo que toma o foco é de uma linhagem que auxiliava caçadores em florestas e pântanos na península ibérica medieval e também usada na falcoaria. O trajeto da raça para ser aceita como um dos seres favoritos para estimação no mundo geralmente vem da sua aparência de cabeça arredondada, orelhas grandes, moles e caídas e os olhos redondos, características que transmitem companheirismo.
O mesmo companheirismo de que fomos testemunhas desde que ele nasceu, no dia 1o de março de 2006. Desde a sua infância até a vida adulta nunca deixou de prestar a sua solidariedade e o seu amor absolutamente incondicional. Nunca deixou de estar um só momento ao lado de quem amava e dando aquele suporte extra da sua forte respiração quando alguém tinha essa necessidade ou não.
De qualquer modo que tivesse sido o seu dia, de qualquer maneira que a sua vida estivesse a desenrolar em algum momento, bastava você chegar em casa para que ele viesse com todo o seu repertório de alegrias, para que ele viesse demonstrar como estava feliz pelo simples fato de você ter chegado.
Logo, a sua estada ao seu lado e a atenção que ele lhe dispensasse era o essencial e o necessário para transmitir a sua mensagem de que tudo valia a sua pena. Para mim ele sempre foi muito enfático em me mostrar como eu deveria buscar a contínua melhora como ser humano, algo que, para ele, parecia ter ultrapassado há muito tempo.
Xirimp morreu hoje, aos catorze anos e três meses de vida. Um cocker spaniel que distribuiu amor e alegria a três gerações da família com que conviveu nesta existência.