Sabedoria controversa: por que os extremos, em harmonia, tem mais a nos ensinar do que o centro??

Como que uma balança encontra o seu ponto de equilíbrio?? Quando pesos iguais são dados a ambos os lados, correto?

Vejamos o espectro político-ideológico

Algumas verdades da extrema esquerda:

- O capitalismo não funciona em harmonia;

-- O capitalismo é um sistema de parasitismo social;

- O ideal humano é a utopia: justiça//igualdade, liberdade e fraternidade;

- A religião ou mitologia é o ópio do povo;

...

Não há absolutamente nada de errado com esses exemplos, certo? Se expressam fatos opiniões mais corretas, gostando ou não.

Até o que é excedido pelas esquerdas e acaba se transformando em factoide, por exemplo, a igualdade "humana', tem um fundo significativo de verdade. Usarei este exemplo mais embaixo para explicar o ponto central do texto.

Algumas verdades da extrema direita:

- Grupos humanos são diferentes, implicando em hierarquias de qualidade ou critério. Por exemplo, grupo x é, em média, mais alto que grupo y;

- A vida é dura;

-- Estamos sob pressão evolutiva;

- a maioria das pessoas gostam de se associar com seus iguais em aparência, personalidade ou gosto;

...

Novamente, eu só li verdades aí...

Somos todos iguais ou não??

O principal ponto de reflexão e ação da extrema esquerda, e do progressismo, de maneira geral, é a ideia de igualdade humana (e da vida). É fácil para quem é ateu chegar a essa conclusão, de que estamos todos no mesmo barco, que "tudo vira merda", parafraseando Rita Lee, e, portanto, iguais por sermos humanos e seres vivos finitos. A partir daí, precisamos perseguir pela construção de uma sociedade utópica, um oásis em meio ao deserto de desolação a partir de uma perspectiva hiper-realista (ou mais realista), sem deus nem competição, egoísmo, enfim, todas essas ilusões, de lidarmos com a realidade de frente. De fato, em termos de essência, somos todos seres humanos e, expandindo essa verdade existencial, somos todos vidas. No entanto, o progressismo, tradicionalmente, despreza que também somos desiguais. Se o seu ideal é a igualdade, então a desigualdade deve ser desnaturalizada ou assim tem sido. Este é mais um exemplo típico de ideologia, tal como a conhecemos, em que apenas uma perspectiva de uma verdade é levada em consideração, enquanto que o outro lado é mantido na escuridão ou negação. Eu já usei como metáfora o cobertor curto para um corpo grande para explicar esse erro elementar de todas as ideologias não-filosóficas.

Então, quem é que mais exalta as nossas diferenças, por acaso é o centro morno do espectro político??

Não.

O centro, na verdade, tende a ser uma mistura não-ideal de posicionamentos das "esquerdas" e das "direitas". Portanto, é equivocado concluir que seja o ''centro'' que mantém o equilíbrio. Novamente, uma balança encontra o seu equilíbrio quando todos os lados também estão.

Os mais sensíveis às diferenças qualitativas de seres humanos e, também, não-humanos, são os extremo-direitistas ou ultra conservadores. Eles, por sua vez, cometem o mesmo erro que os mais progressistas, porque exageram as diferenças, que percebem com maior facilidade, em relação às nossas semelhanças e igualdades essenciais.

Um grupo foca excessivamente na essência e perde a superfície. O outro grupo foca excessivamente na superfície e perde a essência.

O ideal, portanto, é o básico ato de aceitarmos essas duas verdades básicas, de que somos todos iguais e diferentes (inclusive em termos de grupo). Um lado equilibrando o outro.

Outro exemplo é a ênfase das direitas pela segurança e das esquerdas pela paz. Pois pela sabedoria, paz é segurança.

A controvérsia aqui é que a sabedoria precisa reconhecer fatos legítimos de todos os cantos do espectro político--ideológico, chegando até mesmo a concordar, não totalmente, com tipos condenados pela história (e por razões justas), por exemplo, os nazistas. Nem seria uma questão de concordar com fascistas ou nazistas, mas apenas reconhecer fatos e verdades onde quer que se localizem. É isso. A sabedoria não tem lados ideológicos, mas também não é "isenta"...