A essência da moralidade: a imprescindibilidade do ato (novamente) e a problemática da humanidade
A essência da moralidade é a percepção de imprescindibilidade, que é tudo aquilo que se sabe e/ou que se deve fazer para sobreviver, para preservar a vida.
A imprescindibilidade ou moralidade de todas as espécies, menos da humana, é, portanto, determinada pelo máximo de compreensão ou conhecimento que são capazes de alcançar para sobreviverem. Aqui, o conceito de imprescindibilidade é o mesmo que o de justiça, no sentido de ser justo ou lógico que uma espécie se comporte deste ou daquele jeito baseada no máximo de conhecimento sobre a realidade que pode ter.
Se desde o advento da civilização que a evolução moral de nossa espécie passou a ser sistematicamente interrompida ou convulsionada, principalmente pela contígua imposição do parasitismo social de uma minoria organizada, inescrupulosa e gananciosa de indivíduos sobre uma maioria desorganizada, ingênua porém orgulhosa, e predominantemente passiva.
Imagine pedir a um professor que não tenha se especializado em odontologia para ser o seu dentista??
Pois as sociedades complexas humanas têm "escolhido' ou "aceito' elites (em sua maioria) destituídas de sabedoria, essencial para uma boa governança, já que estão ''especializadas'' em parasitar. É por isso que essas/nossas sociedades podem ser facilmente comparadas a um organismo doente, porque não existe simetria harmônica em seu funcionamento.
Então, pelo teto máximo de compreensão de mundo que podemos alcançar, isto é, baseados unicamente em conhecimentos, filosóficos e científicos, ou pela sabedoria, compreendemos que a maximização da segurança da espécie humana é imprescindível, e nada mais óbvio do que a pacificação ou redução significativa de conflitos para alcançar esse objetivo.
Consequentemente, nada mais óbvio do que também preferir por uma sociedade plenamente harmônica, inclusive com o seu meio natural, do que por uma sociedade marcada por alienação, opressão e exploração. Afinal, se só existe uma vida para viver, se somos todos iguais, em essência, condenados ao mesmo destino??
Entre ser explorado e oprimido e viver a vida em sua plenitude, com bem estar, prazer, cooperação e conhecimento, qual opção que você escolhe??
O ser humano, em contraste às outras espécies, pode produzir muitas possibilidades de melhoria em relação ao seu padrão corrente de existência, dentre elas a filosofia, que é a mais ideal de todas. Ele é, portanto, o único ser vivo capaz de alterar seu destino (evolutivo e adaptativo) de maneira voluntária ou consciente.
Então, novamente, por que não escolheríamos pela maximização de nossa segurança e bem estar existencial?? Isso não é imprescindível pra nós??
Para praticamente todo ser humano, sim, é imprescindível [uma das principais diferenças é que os mais egoístas só pensam em si mesmos quando pensam em segurança e bem estar]. Mesmo que muitos acabem acreditando que o capitalismo é suficiente, ou que a utopia/filosofia é inalcançável. Mas, pela comunhão de todos os conhecimentos que temos disponível, especialmente das ciências humanas (que, por serem basais, são as mais importantes), e sem vieses ideológicos, é possível produzir uma sociedade próxima da perfeição. O problema não seria sua suposta inviabilidade intrínseca e sim o desafio de conseguir construir essa sociedade sem ter que derrubar a existente, muito aquém do ideal filosófico.
Como conclusão, a humanidade tem sido social e culturalmente dominada pelos seres humanos menos evoluídos, resultando em uma assimetria entre o nosso ideal, nosso potencial máximo de existência e a realidade, marcada pelo parasitismo social dessas elites de consciência primitiva que precisam de massas ignorantes e obedientes para sustentar o seu circo. O teto máximo de excelência humana é a própria prática filosófica. O ser humano é exatamente como um pássaro que sabe voar mas é mantido preso dentro de uma gaiola. Temos verdadeiro potencial para acabar com desigualdades sociais, pobreza e conflitos de todos os tipos, se usássemos ou se usarmos todos os conhecimentos adequados, de todas as ciências e guiados pela única e verdadeira filosofia. Assim, voltaremos a nos equiparar à grande maioria das espécies não-humanas que já se encontram no usufruto dos seus tetos máximos de inteligência/adaptação, de sobrevivência.