O capitalismo é um autoritarismo líquido

O que é autoritário?

É o que é imposto sem ser dialogado, negociado, refletido ou pensado entre as partes envolvidas. Essa é a essência conceitual do autoritarismo.

(Geralmente, autoritários tendem a mentir sobre as suas reais intenções àqueles que almejam controlar e/ou explorar).

Mas hierarquias entre indivíduos e grupos, e nem mesmo a imposição, são intrinsecamente condenáveis. São as condições e suas consequências que são mais moralmente relevantes. Afinal, dentro de uma dinâmica social, é comum ou esperado que uns assumam a posição de comando e outros de subordinação.

Então, se as condições determinadas têm sérias consequências para certos grupos ou classes (de indivíduos) sem ter qualquer razão ou imprescindibilidade moral para isso, quer dizer, se existem alternativas que consigam atender aos objetivos pretendidos, os elementares são de adaptação e ordem social, sem resultar em injustiças, essas condições também são extremistas.

Agora, podemos pensar se essas definições são aplicáveis ao capitalismo bem como às suas derivações ideológicas, como o liberalismo e o neoliberalismo...

O capitalismo não é a favor do indivíduo

Um dos maiores mitos sobre o capitalismo é de que enfatiza o indivíduo sobre o coletivo, em oposição às ideologias oficialmente reconhecidas como autoritárias, como o nazifascismo e o falso comunismo. No entanto, não são os direitos do indivíduo que estão em jogo no sistema capitalista e sim o lucro que ele, sozinho ou dentro de grupos e organizações, pode gerar e que vai, em boa parte, para mãos certas de uma minoria esperta. O indivíduo é exaltado como um meio e não como um fim em si mesmo. Não tem nada a ver com respeito à individualidade.

O capitalismo é um autoritarismo líquido, pragmaticamente adaptável, se numa ditadura nazista, onde empresários tiveram importante participação, ou em nossas democracias representativas e superficiais. Se o capitalismo fosse realmente a favor do indivíduo, combateria as desigualdades sociais, a inadequação e a exploração do trabalho que causa, bem como os preconceitos aos quais tem sido historicamente indiferente.