A química da indústria e a droga do novo século

Conforme o escritor e filósofo Voltaire, a arte da medicina consiste em distrair o paciente enquanto a natureza cuida da doença. Entretanto, evidencia-se no século XXI, o enfoque dado à cura clínica em detrimento de meios homeopáticos ou psicológicos, impulsionado por uma indústria que acumula o capital multibilionário de drogas terapêuticas. A busca incessante por medicamentos e substâncias que aparentemente não são nocivos a curto prazo, acompanha o impacto das transformações na saúde da população em um mundo globalizado e retrata a dependência química alarmante no cenário em que se vive.

De acordo com a Interfarma, o Brasil ocupa a oitava posição no ranking mundial farmacêutico e tende tende a alcançar o quinto lugar até 2021. Entre os motivos que incitam este crescimento, estão: o investimento científico, com a inclusão de setores biotecnológicos e o fenômeno relacionado ao aumento da expectativa de vida, que gera de forma consequente, uma preocupação generalizada com a saúde. Percebe-se nitidamente que o uso excessivo de medicamentos propicia o desenvolvimento de uma mentalidade hipocondríaca e traz consigo, efeitos indesejados aos indivíduos.

Um dos principais fatores que pode provocar a dependência química é a automedicação, aliada à popularização de remédios, que levou à redução de custos dos mesmos, garantindo uma maior acessibilidade. Casos de intoxicações por analgésicos, ansiolíticos ou anti-inflamatórios são cada vez mais recorrentes, assim como efeitos colaterais, que colocam em risco outras funções do corpo, e a omissão de sintomas de doenças adquiridas, o que dificulta seu diagnóstico. Os maiores desafios residem na realização de atividades simples e naturais do ser humano, como o sono, por exemplo. Dados do IBGE apontam que mais de 11 milhões de brasileiros usam medicamentos para dormir.

Diante dos efeitos ocasionados pela potência da Indústria Farmacêutica do século XXI e suas respectivas repercussões em diversos âmbitos além da saúde pública, é fundamental que o Ministério da Saúde com o apoio de órgãos reguladores universais, como a OMS, trabalhem em parceria para promover a conscientização a respeito dos medicamentos a todos os segmentos sociais através de redes de incentivo e do estabelecimento de normas claras sobre prescrições, visando a redução de obstáculos relacionados à saúde que assolam as pessoas, colaborando deste modo, em prol do futuro científico, da eficácia dos serviços oferecidos e do bem-estar geral da população.

Flora Fernweh
Enviado por Flora Fernweh em 03/03/2020
Reeditado em 30/10/2021
Código do texto: T6879484
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