Autismo – quando a complexidade clama por sensatez

O assunto autismo e escola tem sido muito debatido nos dias atuais. A relação autismo e escola é uma relação complexa, pensando no sujeito da aprendizagem que tem suas peculiaridades, que precisa ser respeitado à luz das leis da inclusão e que está na escola assim como outras pessoas, para aprender.

Nessa relação de complexidade há os descaminhos a enfrentar, de um lado os pais desejosos, do outro, a escola que está ligada a um sistema de ensino (particular ou público) e que tem sua proposta pedagógica com visões diferenciadas sobre as formas desse atendimento, enfim, a comunidade escolar como um todo lida com essas questões. Em meio ao que se pensa do assunto, nas ações de sensibilização para uma a construção de um escola inclusiva, em que se respeite as diferenças, existem os pais de crianças neurotípicas que não querem aproximação dos filhos com os atípicos (pasmem, sim, isso existe) e também pais de crianças com transtorno do espectro do autismo (TEA) que não querem que as pessoas saibam da sua realidade, muitos ainda em fase do chamado “luto” com atitudes múltiplas, que vai da negação a aceitação .Sim, esse é o contexto.

E para incrementar esse emaranhado de situações a exigência maior incorre na função do docente. O professor é muito taxado de não ter “preparo”. Bom, para ter preparo tem que ter formação inicial e continuada com esse enfoque, tempo de estudos, e principalmente oportunidades viáveis isso envolve tempo e dinheiro. Nem sempre o que se precisa saber do autismo que o aluno manifesta no espaço escolar é o que está mais viável naquele momento para o professor participar.

Existe mesmo autismo e autismos e o aluno é que vai sinalizar o que importa planejar para garantir melhor aprendizado. Dificuldades de adaptação, questões sensoriais bem evidentes, estereotipias motoras e verbais frequentes, todas essas questões podem ser conteúdos de formação, que não se restringe somente ao pedagogo, mas envolve equipe multidisciplinar e se possível até o diálogo com equipe de profissionais que acompanha o aluno nas terapias que constantemente faz. Por isso, tenho pensado muito na expressão “os professores estão despreparados”. Na verdade, não tem como está totalmente preparado ao receber um aluno com transtorno do espectro do autismo.

As pesquisas sobre o assunto estão mais acessíveis, tem literatura sobre autismo e inclusão, mas não é o suficiente. Não podemos negar que responsavelmente precisa ser feito um plano individual para o aluno e ele mesmo sinalizará as habilidades que precisam ser trabalhadas. Se o próprio aluno é que vai sinalizar então é um aprendizado coletivo, de construção, de aprofundamento, de buscas. Não é um conhecimento estanque.

Convivemos sim com as chamadas escolas não inclusivas, até porque essa situação é bem mais enraizante, pois cobramos a escola inclusiva (porque de fato existe essa possibilidade e é necessária para o avanço da criança), mas não conseguimos tranquilidade para vivermos numa sociedade inclusiva devido infelizmente muitos trazerem nas suas bagagens históricas o peso da segregação. Muitos de fato assim preferem, outros por desconhecimento do teor de novas concepções. Ainda me surpreendo com as atitudes aversivas com o tema escola e inclusão no dia a dia, porém me surpreendo ainda mais por perceber a aversão de alguns em não querer aprender a lidar com essas questões, ou seja, quando percebo que muitos de fato nem querem aprender a amar e respeitar seu semelhante na sua diferença. Isso sim é muito preocupante. E esse assunto não diz respeito somente a escola e família, é claro, mas a sociedade como um todo. Por esta razão tem sua complexidade que pode a cada minuto ter alguém que estuda, que luta, que grita por uma realidade diferente.

Tereza Cristina Santos
Enviado por Tereza Cristina Santos em 19/10/2019
Reeditado em 19/10/2019
Código do texto: T6773993
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