Homem no espelho, homem no chão

Sobre o porte de armas

Disparadamente nosso governo chega com esse discurso de salvação a partir do porte de armas da população. De tantas promessas e controvérsias, essa medida apressada é discursada com tanta garantia de segurança sendo grande a concessão que isso trará a nós.

Muitos confundem essa "proteção" com reparo de que já está quebrado. "Ai, mas quem mata é o ser humano, não a arma", esse argumento tem seu sentido, mas pouca visão. É verdade que a vontade de matar pode ser realizada por qualquer meio, e que meio é o mais suscetível para matar senão uma arma. Ou melhor, com que outro propósito teriam sido criadas as armas.

Há quem diga que a segurança fora e dentro de casa aumente. Desculpa, eu não consigo mesmo me sentir seguro com um revólver na minha parede. Acontece que todos pensam que o combate contra os bandidos serão mais dinâmicos, ou que sairíamos vencedores. Mas nenhum assalto será um duelo faroeste e mais mãos inexperientes manusearão esse novo tipo de brinquedo. E as brigas em casa vão continuar acontecendo talvez com um desfecho bem mais trágico e irremediável.

Eu consigo ver o ponto de vista de quem já foi atingido no coração por um malfeitor que conseguiu o que quis por ter mais meios de se fazer. A situação é mesmo desesperadora, mas não podemos nos deixar levar por esses sentimentos de vingança. As decisões que têm em vista o progresso da sociedade devem ser tomadas racionalmente por mais difícil que pareça. Não digo que não temos de viver com emoções, muito pelo contrário, mas há casos onde elas podem distorcer o caminho da razão. Muitos podem se tornar o que mais temem.

Sendo assim, concluo que violência só gera mais violência e esta não vai parar colocando mais lenha na fogueira. Porque criticar a violência parece ser sem sentido quando o mundo em que se vive preza mais por este caminho do que um mais difícil mas recompensador.