O amor e eu

Anos atrás, me apaixonei perdidamente por alguém que não sabia valorizar meus sentimentos, alguém que não reconhecia o amor que eu insistia em dar. Foram dois longos anos em uma agonia inexplicável, numa dor e em um mar de lágrimas. Mas eu não desisti; mesmo diante de alguém que me rejeitava, que desprezava meu amor, eu resisti. Mantive o amor dentro de mim, guardei o sentimento vivo, mesmo que não fosse mais nutrido por ele. Com a dor de um coração partido veio o amadurecimento, veio uma força que eu não sabia que existia dentro de mim, vieram inspirações e uma nova forma de ver e amar o mundo.

A recuperação foi lenta e dolorosa, eu não queria largar aquele amor, não queria aceitar que ele não me queria. Foram longos meses, inúmeros textos e até algumas muitas lágrimas derramadas; mas eu consegui. Depois de o que pareceu uma eternidade, meu coração se curou, veja bem, se recuperou, mas permaneceu quebrado. Essa é a grande realidade: o nosso coração uma vez partido nunca volta a ser o mesmo de antes, ele pode se curar e seguir em frente, mas feridas profundas como a de uma desilusão amorosa permanecem para o resto de nossas vidas.

Durante esses anos, muitas coisas mudaram dentro de mim, mas a forma como eu amo sempre se manteve a mesma e eu até que gosto que tenha ficado assim. Quando eu amo eu me entrego por completo. Uma vez me veio uma frase na cabeça: “o amor constrói e destrói” e talvez seja a mais pura verdade...

Hoje, voltei a amar. Amo como antes: me entrego, dou carinho e tudo de melhor que eu puder. Mas ao mesmo tempo que tudo está igual, tudo também está completamente diferente. Hoje, sinto que se não der certo, ao menos foi mais um aprendizado, mais uma história engraçada para contar aos meus filhos; se der certo, vai ser reconfortante, vai ser a primeira vez, vai ser inesperado e surpreendente. Não sei o que acontecerá, sei que devo viver o agora sem me preocupar incessantemente com o futuro. O agora é tão precioso, deve ser por isso que se chama presente. O passado já foi e o guardo como aprendizado e amadurecimento. O futuro é o inesperado, a dúvida mais excitante.