"MINHAS PALAVRAS DESCREVEM A HISTÓRIA DE UMA VIDA DEDICADA A SOLIDARIEDADE FAMILIAR FRATERNA" por GÉSNER LAS CASAS = RETALHOS D'ALMA & ESTOU EM CHAMAS =

"MINHAS PALAVRAS DESCREVEM A HISTÓRIA DE UMA VIDA DEDICADA A SOLIDARIEDADE FAMILIAR FRATERNA"

por GÉSNER LAS CASAS

= RETALHOS D'ALMA & ESTOU EM CHAMAS =

"RECORDAÇÕES FELIZES E SAUDOSAS"

por GÉSNER LAS CASAS

= RETALHOS D'ALMA & ESTOU EM CHAMAS = "EM MUITAS E MUITAS OPORTUNIDADES, EU, PESSOALMENTE, SELECIONEI ALGUMAS SEMENTES E CAROÇOS DE FRUTAS SABOROSAS E NUTRITIVAS E FUI ESPALHANDO-AS POR PEQUENOS VASOS LATINHAS, DEVIDAMENTE FURADAS, E ALI PLANTEI MINHAS SEMENTES PRECIOSAS"

TIVE O CUIDADO CARINHOSO DE COLOCAR TUDO EM LOCAL ADEQUADO COM UM POUCO DE LUZ SOLAR DIÁRIA, COM SOMBRA NECESSÁRIA PARA FACILITAR A GERMINAÇÃO DOS CAROÇOS E SEMENTES E, AINDA TIVE O CUIDADO DE REGAR TODOS OS VASILHAMES UM DIA SIM E UM DIA NÃO. ALGUMAS SEMENTES BROTARAM NESSE MEIO TEMPO. E JÁ ENCONTREI UM LUGAR DEFINITIVO PARA TRANSPLANTÁ-LAS. ALGUNS CAROÇOS DEMORARAM ATÉ DOIS ANOS PARA APENAS APRESENTAREM UM PEQUENO BROTO. EU, NÃO DESISTI DELES EM INSTANTE ALGUM. FORAM CENTENAS DE DIAS E HORAS DE DEDICAÇÃO E CARINHO OBSERVANDO A TERRA QUE OS COBRIA E, OFERECENDO A ÁGUA NECESSÁRIA PARA UMA BOA GERMINAÇÃO EM SEU TEMPO ADEQUADO. HOJE, TENHO UMA PEQUENA FLORESTA A SER TRANSPLANTADA. “ISTO ME FAZ LEMBRAR UM DIA QUALQUER DE UM VERÃO DE 1942, DE 1943, O APITO AGUDO ABAFADO PELO ESCAVADO ENTRE BARRANCOS NOS MORROS E, MONTE DO FÉRTIL SERTÃO NO NOROESTE PAULISTANO, AO NASCER DO SOL DOURADO QUE DISSIPAVA A NÉVOA ÚMIDA DO ORVALHO NOTURNO, ECOOU NA PAISAGEM VERDEJANTE DO SERTÃO ENTRE AS CIDADES DE POMPÉIA E DOIS CÓRREGOS ENQUANTO O VENTO PROVOCADO PELA VELOCIDADE DA COMPOSIÇÃO INVADIA A JANELA ENTREABERTA AO LADO DE MINHA POLTRONA CONFORTÁVEL NA SEGUNDA CLASSE QUE, NOS PARECIA DE PRIMEIRA E AGITAVA OS MEUS CABELOS AINDA POR CORTAR."

MEUS OLHOS TENTAVAM CAPTURAR TODAS AS IMAGENS MARAVILHOSAS QUE MAIS PARECIAM PINTURAS SAÍDAS DE UM QUADRO PINTADO ESPECIALMENTE PARA MIM POR DEUS. DIANTE DE NOSSOS OLHARES DESLUMBRADOS PELAS IMAGENS DO NOVO DIA QUE SURGIA COLORIDO SOMADO AOS VARIADOS SONS DO CAVALO DE AÇO MISTURADO AOS DA NATUREZA MAGNIFICA DESCORTINANDO ENTRE TOUÇAS DE ERVA CIDREIRA PLANTADAS JUNTO AS PEDRAS BRITADAS DA VIA FÉRREA E, O HORIZONTE ILUMINADO PELA LUZ FLAQMEJANTE DO SOL DOURADO QUE ACABAVA DE EMPURRAR PARA O LESTE A ESCURIDÃO ASSUSTADORA DA NOITE QUE NOS FIZERA DORMIR E, SONHAR COM OS MISTÉRIOS QUE ENCONTRARÍAMOS AO FINAL DA VIAGEM QUASE INTERMINÁVEL DESDE A TARDE PASSADA E, A MADRUGADA QUE ESPOCAVA DIANTE DE NÓS. UM BOCEJO DEMORADO SAIU DE MINHA BOCA ESCANCARADA, ALIADO AO ESPREGUIÇAR ESTICADO DE MEU CORPO DOLORIDO QUE, ESTIVERA ENCOLHIDO NO BANCO ESTOFADO DO TREM DA COMPANHIA PAULISTA DE NOROESTE QUE, TRAFEGOU SOB A LUZ DO LUAR RESFOLEGANDO RUIDOSAMENTE SOBRE AS LÂMINAS PARALELAS DE AÇO CUJAS EMENDAS BATIAM REPETIDAMENTE NAS RODAS DE AÇO FUNDIDO PARECENDO REPETIR NOMES DE PESSOAS AMADAS AINDA AUSENTES E TALVEZ DISTANTES MOMENTANEAMENTE. ASSIM EU ACABAVA POR CONCLUIR O MEU DESPERTAR EM UMA NOVA ETAPA DESTA VIDA SURPREENDENTE QUE NOS APRESENTARIA EM BREVE A TERRA DE DOIS CÓRREGOS, ONDE MEUS PAIS SE ENCONTRARAM UM DIA PELA PRIMEIRA VEZ, DANDO INÍCIO A MINHA PRÓPRIA VIDA. O SOM MELANCÓLICO DO APITO SONORO INTERCALADO PELO BATER REPETIDO DAS RODAS DE FERRO NAS EMENDAS DOS TRILHOS DE AÇO, SE CONFUNDIU COM O RESFOLEGAR DA MÁQUINA A VAPOR QUE TRACIONAVA O CHAMADO EXPRESSO NOTURNO DA COMPANHIA PAULISTA DE ESTRADAS DE FERRO EM UMA COMPOSIÇÃO DE DOZE VAGÕES MISTOS PUXADOS POR UMA LOCOMOTIVA VALOROSA A LENHA E, VAPOR D'ÁGUA QUE TRACIONAVA SEM GRANDE ESFORÇO OS CARROS DOS CORREIOS; OS DOS CARROS DORMITÓRIOS E, DA COZINHA DE BORDO CONJUGADA COM O CARRO DA SALA DE REFEIÇÕES, SEGUINDO-SE OS CARROS DE PRIMEIRA, DE SEGUNDA, E DE TERCEIRA CLASSES. NAS CURVAS MAIS LONGAS O APITO NOS DESPERTAVA POR INSTANTES E, ALERTAVA OS TRABALHADORES DOS CAMPOS E, OS FAZENDEIROS AO LONGO DA BITOLA LARGA RECÉM-INAUGURADA. ENQUANTO TODOS DORMIAM EM CONFORTÁVEIS ESTOFADOS RECLINÁVEIS DOS BANCOS DE UM AZUL PASTEL EM TONALIDADE OPACA FAZIAM-ME LEMBRAR DAS ASAS DE UM PÁSSARO LINDO, QUE É O SANHAÇO DA CAMPINA. ALI SE INICIAVA A INTENSA MOVIMENTAÇÃO DENTRO DO CARRO-TREM DA PAULISTA. A AGITAÇÃO ASSEMELHAVA-SE A UMA CORRIDA, DE QUEM IRIA DESCER NA PRÓXIMA PARADA, DA IDA AOS SANITÁRIOS, CHAMADOS POR NÓS DE BANHEIROS PROVOCANDO OS CONGESTIONAMENTOS DOS CORREDORES DOS VAGÕES DA COMPOSIÇÃO DO EXPRESSO NOTURNO DA COMPANHIA PAULISTA DE ESTRADA DE FERRO QUE VINHA DO NOROESTE DE BAURÚ, E IRIA PERCORRER A LONGA DISTÂNCIA ATÉ A CIDADE DE JUNDIAÍ E, PARA TERMINAR SUA JORNADA NA ESTAÇÃO DA LUZ EM SÃO PAULO. O AGENTE DA COZINHA ANTECEDIA O DA VINDA DO CHEFE DO TREM QUE FISCALIZAVA E, VENDIA OS BILHETES GARANTIDORES DAS VIAGENS DOS PASSAGEIROS. OS GARÇONS VENDEDORES ANUNCIAVAM SALGADOS COMO SANDUÍCHES, COXINHAS, PRATOS FEITOS COM ARROZ, FEIJÃO E UMA MISTURA QUENTINHA COMO BIFES, FILÉS DE FRANGO OU PEIXE FRESCO E UMA SALADA DE ALFACE COM TOMATES E CEBOLAS FATIADAS. HAVIA QUEM PREFERISSE UM OVO FRITO E VIRADO DE FEIJÃO COM TORRESMO. NÓS, OS FILHOS DO TANGO E DA ARACY BELIZÁRIO LAS CASAS, NOS DELICIÁVAMOS COM OS QUITUTES TRAZIDOS DE CASA E, GOLES D'ÁGUA DA MORINGA DE CERÂMICA TRAZIDA EM MEIO DOS TECIDOS NO FUNDO DA MALA COM ARMAÇÃO DE MADEIRA DE LEI E DE COURO CRU ESTICADO E CURTIDO AO SOL DE VERÃO. A GRANDE MALA DE VIAGEM TINHA ATÉ UM COMPARTIMENTO SECRETO QUE ESCONDIA NOSSOS DOCUMENTOS. O POUCO DINHEIRO DA FAMÍLIA PERMANECIA ANINHADO NO BOLSO SECRETO DA CUECA SAMBA CANÇÃO DE MEU PAI. NO DESEMBARQUE, A GENTE ESTICAVA O CORPO E, URINAVA NAS PEDRAS DO PÁTIO DA ESTAÇÃO PROVOCANDO A ELEVAÇÃO DE UMA ESTRANHA ESPUMA BRANCA COM O LEVE ODOR DE AMONÍACO. AÍ, A GENTE COM PASSOS TRÔPEGOS SE ARRASTAVA PELAS RUAS CALÇADAS DE PARALELEPÍPEDOS DE DOIS CÓRREGOS EM BUSCA DA CASA GRANDE AMARELA DO VOVÔ DOUTOR JOSÉ BELIZÁRIO FILHO E, DA VOVÓ FRANCISCA CAMARGO BELIZÁRIO. A TÃO ESPERADA CHEGADA À CASA GRANDE E, AMARELA DA RUA PADRE DOMINGOS CIUDAD, 62, A TÃO DESEJADA E SONHADA CASA DA VOVÓ FRANCISCA, ACONTECIA COM MUITOS BEIJOS ABRAÇOS E BÊNÇÃOS. EM SEGUIDA, A DONA DEOLINDA, NEGRA DE CONFIANÇA DE MEUS AVÓS, ANUNCIAVA QUE A MESA ESTAVA POSTA. ERA MARAVILHOSO PODER SABOREAR DESDE QUEIJOS FRESCOS, MEIA CURA E DO TIPO PARMESÃO CURTIDO A SOMBRA DO CELEIRO DA FAZENDA JUNTO DA REPRESA E DA USINA DA PAULISTA CERCADA PELA GRANDE E ÚLTIMA PORÇÃO DE MATA VIRGEM DA REGIÃO. A MANTEIGA DE VERDADE, POSTA EM APARELHO GRANDE DE LOUÇA ITALIANA PÃO CASEIRO TIPO ITALIANO EXALAVA SEU CHEIRO CARACTERÍSTICO E APETITOSO COM GOSTO DE QUERO MAIS. HAVIA GELEIAS E DOCES DE FRUTAS NATURAIS, MISTURADOS EM MEIO AOS SALAMES E PRESUNTO DEFUMADOS TIPO PARMA AGUÇAVA NOSSO APETITE VORAZ EM BUSCA DA TÃO SONHADA SACIEDADE ALIMENTAR DEPOIS DE HORAS E HORAS DE UM JEJUM ABSURDO NAS MAIS DE DOZE HORAS DE VIAGEM. SE ALGUÉM PREFERISSE PODERIA ALMOÇAR. SABOREANDO UM ARROZ SOLTINHO E QUENTE COM FEIJÃO GORDO, COUVE MANTEIGA REFOGADA COM TORRESMO, ALHO E CEBOLA. AS FARINHAS COMO ACOMPANHAMENTO ERAM DE MILHO EM FLOCOS E DE MANDIOCA GROSSA TORRADINHA AO PONTO. DEPOIS, NO CAFEZINHO NA VARANDA EXTERNA DA CASA, MEU AVÔ E MEU PAI FALAVAM QUE TUDO ERA POSSÍVEL AOS QUE CONSTITUEM FAMÍLIAS SOLIDAS, QUE TRABALHAM, ESTUDAM, RESPEITAM A SOCIEDADE E SABEM DIVIDIR O PÃO DE CADA DIA COM TODOS QUE TÊM DIREITOS E PODEM VIVER EM HARMONIA. https://scontent.fgru6-1.fna.fbcdn.net/…/17457910_191139455

GÉSNER LAS CASAS

RADIALISTA, ARTISTA PLÁSTICO, COMENDADOR DE TOBIAS DE AGUIAR & JORNALISTA

{NA VERDADE SOU UM SONHADOR-SAUDOSO}

GÉSNER LAS CASAS

Enviado por LAS CASAS em 25/03/2017 Reeditado em 28/03/2017

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LAS CASAS
Enviado por LAS CASAS em 30/12/2018
Reeditado em 30/12/2018
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