O PRIMEIRO SERVIÇO (TRABALHO) NA VIDA.
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Rio de Janeiro, Quarta-feira, 31 de Outubro de 2018
Na matéria anterior citei o meu primeiro emprego na vida. Um vizinho nosso, Altair, era fotógrafo, então sabendo da minha necessidade e procura de um trabalho, indicou-me para tal no lugar já citado. Imaginem, um jovem, nos seus quinze para dezesseis anos, ter que ir à luta, trabalhar, por necessidade imperiosa, proporcionada pelo destino.
Isso foi de suma importância em minha vida. E digamos que se divida ao meio os prós e os contra dessa situação. No primeiro caso, uma pessoa enveredar pelo lado profissional é altamente positivo. A prepara e a coloca num patamar mais elevado do que o daqueles que não possuem nem a ideia e nem a vontade de o fazer.
Mas a contra partida também pesa nessas situações. Porque quebra a naturalidade da vida e do tempo, onde os períodos existenciais de cada um deveriam ser observados de forma rígida. Mas a vida nos prega armadilhas e situações inesperadas e não queridas. E assim temos que encara-las. Com coragem e com determinação.
Lembro muito bem do início, onde ainda não possuía costume de trabalhar profissionalmente. Ficava numa sala sozinho, montando chaveirinhos no modo de um pneu de automóvel, com o rostinho do aluno. Os dois patrões iam de escola em escola (públicas) tirar (ou bater) as fotografias da meninada, para posteriormente entrega-las naquele formato.
E muitas outras tarefas fazia ali. A montagem dos álbuns fotográficos era uma delas. Uma outra era secar as fotografias recém reveladas, que deviam ficar em fixadores por certo tempo, e também na água, por outro tempo. E após isso deviam ser secadas numa secadora elétrica.
Com relação aos álbuns fotográficos, comecei passando cola nas fotos e as colocando sobre a bancada para que o Mário as juntasse uma à outra, prensando-as a seguir, cortando-as e encadernando-as, por fim. A capa do álbum era de madrepérola, com gravação a ouro. Com o passar do tempo, pouco, diga-se de passagem, fui encarregado de executar todas as tarefas pertinentes ao serviço. Já o fazia sozinho.
Interessante contar uma passagem: com o rolar e passar do tempo, adquiri os conhecimentos daquela atividade (fotográfica). Então recebia as fotografias dos outros fotógrafos, para a elaboração do álbum. E já sabia distinguir os bons ou maus profissionais, com a visão de seus materiais.
Foi quando num determinado dia, estando nós três (eu, Mário e Jorge) no mesmo compartimento, o local das montagens dos álbuns, efetuei um comentário sobre a má qualidade de umas fotos de um dos fotógrafos. O Mário, caindo na gargalhada, virou-se para o Jorge, dizendo: "Olha aí, chefia, o cara, já colocando as unhas de fora!". E morremos os três de rir.
Eu me sentia como um irmão mais novo dos dois. E sentia a recíproca. O Mário, por exemplo, quando ia dando o final do expediente, observa-me que eu devia ir embora e seguir para o colégio. E isso não esqueço jamais. Foram tempos de alta produtividade na minha vida pessoal. E hoje colho os frutos disso. Felizmente.