UM SUSTO NO TREM

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Rio de Janeiro, sábado, 27 de outubro de 2018

Certa vez, ainda aluno de ginásio, havia acontecido uma efeméride no colégio durante o dia. Uma olimpíada. E ao seu final, saímos da escola num grupo de dez ou doze colegas. Lá no fim do terreno da escola passava a estrada de ferro, naquela época chamada de Central do Brasil. E dirigimo-nos à estação de Anchieta, andando pela lateral dos trilhos.

De longe assistimos a aproximação da composição. Ela vinha em nossa direção e quando chegou próximo à plataforma, observamos que o visor marcava o número 2, um trem que chamavam de especial, porque não parava nas estações costumeiras.

Mas quando ele entrou na plataforma, como dizíamos nessa época, o fez em velocidade baixa, mas nem parando naquela estação. E abriu as portas, onde alguém conhecido do maquinista tinha a intenção de ficar na estação de Anchieta. E saltou correndo do trem.

E nós que estávamos ali, aproveitamos para embarcar nesse mesmo trem, que seguiu em frente, direcionado para a estação de D. Pedro II. E fazíamos zoadas em seu interior, sacaneando uns aos outros, como era normal isso acontecer no meio da garotada bagunceira.

Lembro que já era fim de tarde. Pelas quatro ou cinco horas. O tempo fechado, já dava sinais de escurecimento. Foi quando eu, vendo um dispositivo na parede desse trem, próximo da passagem entre um e outro vagão, tive a ideia de acender as luzes daquela composição, imaginando que ali era o dispositivo para tal.

Ledo engano. Quando acionei o dispositivo o trem sofreu repentina queda na velocidade, fazendo aquele barulho característico de parada repentina. Inclusive observamos fumaça saindo das rodas da composição. E nisso o trem parou. Estávamos entre a estação de Anchieta e Ricardo de Albuquerque.

Aquela região era formada de altos barrancos, de um e outro lado da linha. E todos com a cabeça para fora da janela do trem, vimos quando o maquinista iniciou uma vistoria nas rodas do trem, vindo em direção ao final da composição. Então, resolvemos todos pular pelas janelas direto na linha do trem, subindo os altos barrancos para fora do percurso normal. Enfim, escapando de possíveis reprimendas do maquinista.

E chegando lá em cima, já no asfalto da estrada, resolvemos voltar a pé para Anchieta. Devia haver ali, no máximo, um ou dois quilômetros de distância. E vínhamos rindo e gargalhando pelo percurso, nos gloriando da peripécia em que participamos, mesmo causando sérios problemas à estrada de ferro.

Coisa de garotos levados.

Aloisio Rocha de Almeida
Enviado por Aloisio Rocha de Almeida em 27/10/2018
Código do texto: T6487551
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