UM NATAL DESCONTROLADO

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Sexta-feira, 26 de Outubro de 2018

Antigamente em nosso país não se observava certas situações as quais até criaram leis específicas sobre algumas delas. Parece que a conscientização era maior na população. Mas, claro, havia certas escapadas em algumas dessas mesmas situações. E uma delas, lembro-me bem, foi num festejo natalino, quando saí de casa lá em Anchieta, para passar o dia de Natal na casa dos padrinhos do meu irmão mais novo. A família junto.

Nós havíamos morado naquela região, a do bairro Penha Circular, até alguns anos antes, digamos que uns três ou quatro, daí que eu deveria possuir entre quinze a dezesseis anos. E os amigos que possuíamos ainda viviam ali. E o Zeca era um deles, com o qual eu tinha uma ligação fraterna muito grande. Ele era bem mais velho, talvez uns vinte ou vinte cinco anos a mais.

Então, como esse dia era o dia de muita beberragem, as bebidas rolavam soltas entre muitos. E entre nós ali, alguém apareceu com garrafas de vinho. Não me recordo quantas. Digamos que no mínimo umas duas. E foram servidas doses para quem estava no grupo.

Eu, naquela idade, sem muita noção do que era beber, ingeri um, talvez dois copos da bebida. E não prestou. Pouco tempo depois comecei a me sentir zonzo, com o efeito do vinho em meu organismo. Eu era do tipo franzino. Mas sempre participei das peripécias entre a garotada e entre todos.

Resultado: fui para o chão. Logo arrumaram uma esteira de palha, colocaram-me sobre ela e fiquei ali, dando voltas sem sair do lugar em função da ação daquela bebida. Eu não conseguia me controlar por si em termos de movimentos físicos, mas a minha mente não se perdeu. Tinha a exata consciência do que acontecia ao redor. Só não conseguia firmar-se para me por em pé por mim mesmo. E via a turma morrer de rir com isso.

De tempos em tempos, eles me pegavam e me colocavam no tanque de roupa, abrindo a bica e fazendo com que eu molhasse a cabeça nela. Enquanto ficava embaixo da água, sentia-me muito melhor, até equilibrado. Mas saindo dali, a tontura voltava a tomar conta de mim.

O resultado final foi que passei muito mal, vomitando tudo o que tinha ingerido até então. E depois de uma boa soneca (forçado, é claro) consegui vencer aquela situação. Daquela data em diante tomei uma profunda aversão em consumir vinho. E isto durou por muitos anos, até que, já adulto, venci esse bloqueio.

Aloisio Rocha de Almeida
Enviado por Aloisio Rocha de Almeida em 26/10/2018
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