NA MINHA ADOLESCÊNCIA JÁ TRABALHAVA SÉRIO.
Rio de Janeiro, Sexta-feira, 21 de Setembro de 2018
No meu tempo de garoto, que hoje chamam de adolescente, um de nós trabalhar não causava espanto a ninguém. Eu e meu irmão cansamos de auxiliar nosso pai em vários serviços que ele fazia. Um deles era transportar terra fértil, retirada de lugares onde as pessoas jogavam seus lixos, usávamos um carrinho de madeira feito por ele próprio, arrastando-o às vezes por um ou dois quilômetros de nossa casa, para a feitura dos canteiros de hortaliças plantadas pelo velho.
Até mesmo de forma espaçada, servimos de ajudante ao pai para execução de serviços de bombeiro hidráulico ou pedreiro, serviços que ele bem dominava. E para um garoto isso é até um serviço pesado, porque virar massa e abastecer o compartimento usado para coloca-la à disposição do pai num embolso de parede, não era brincadeira, não.
Um certo tempo, nos propusemos a ajudar um vizinho que fazia serviços de calafate. Então íamos juntos para os locais onde ele trabalhava, e o auxiliávamos nesses trabalhos. Um deles era limpar os espaços entre os tacos, para o emprego da massa de calafetar. Com isso ganhávamos um dinheirinho.
Uma das coisas que gostava era acompanhar nosso outro vizinho, que fazia trabalho de açougueiro. Ele saía diariamente de sua casa, numa carroça puxada por um cavalo. E nela havia um compartimento onde colocava as carnes e os miúdos de boi/vaca, para atender através de venda à vizinhança no bairro.
Esse nem chegava a ser um trabalho porque eu só servia de
acompanhamento para o vizinho. E não esqueço de um dia que não estava acompanhando-o, e lá pelo meio-dia o cavalo puxando a carroça chegou em sua casa. Mas sem ele. Porque de tanto fazer o mesmo percurso, o bicho já conhecia o itinerário de volta. Nesse dia ele havia ficado numa birosca do trajeto, tomando umas e outras e perdeu o rumo.
Enfim, tudo isso mudou muito de lá para cá. As crianças vivem de modo muito diferente de então. E não saberia dizer se melhor ou pior. No caso, cada um que escolha tal situação. Pela parte que me toca, penso que tais lembranças me fazem um bem danado. Ainda bem!