A Criação

E olhos do criador se levantaram e eis que entre tudo, o nada imperava.

A suficiência da sua glória ostentava o devir ininterrupto de um tempo secularmente incalculável. O amor não existia, não com a concepção simplória que nossas limitadas mentes insistem em sustentar, muito além retumbava o mais puro sentimento, sim aquele que dispensa as vãs descrições.

Da pureza absoluta nasceu a semelhança do Alpha, e o Alpha era a fonte e também a projeção do inverso desta. Sim, pois a semelhança furtava o imagético, se untava de perspectiva utópica, todavia contrariava a essência, o Alpha desdobrava-se em semelhança que trilhava rumo ao Ômega.

Dos infinitos cosmos a primeira vontade obedeceu ao menear positivo do supremo, e se fez. E como jamais acontecera antes, a aura celeste tomou a forma rarefeita, ordenada penetrou às inanimadas narinas e a criatura respirou.

Todo firmamento observava atento aquele novo fragmento da glória, e desprendia-se assim a partícula de um todo uníssono em matriz e ecoar. E viu o criador que era bom e sagrou seu feito. Dissipada estava a virtude casta da onipotência, emoldurada em conjuntura humana.

Havia na semelhança uma singularidade inerente, não obstante fosse a própria potestade, a ti fora delegada o devoluto arbítrio, a honra cingia-se e a candura radiava. A similitude reunia o vigor da vitalidade concedida e autonomia que nem os anjos dispunham.

O arquétipo celestial havia se mutabilizado, dantes circunscrito na hierarquia éterea, agora a gosto do sumo criador ele irradia-se pelo lapso temporal, permeia o seio leigo e virgem. (Marc Raider, 2015)

Marc Raider
Enviado por Marc Raider em 16/01/2018
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