carta aberta ao meu pai
Essa é possivelmente uma das coisas mais difíceis que já fiz na vida, a outra é de fato te falar isso, pai.
Eu sempre tive medo da tua desaprovação, sempre me podava, diminuía pra caber num potinho e não fazer ou falar algo que tu pudesse não gostar ou pior achar ridículo. Sempre tentava esconder minha opinião (as vezes não conseguia) porque eu sabia que tu iria discordar de tudo e aquilo ia virar uma guerra, como sempre. Mas não tínhamos apenas momentos ruins, as vezes a gente não brigava tanto ou eu sedia também e assim passávamos um tempinho sem discutir e eu até que conseguia apreciar isso, mas jamais podia me acostumar, porque entre nós esses momentos de paz eram raros. Eu sempre tive vergonha de ser sincera contigo em relação a qualquer coisa, porque tu parece gostar de me ver vulnerável, ali segurando o choro, humilhada, sempre gostou de me ver assim. Eu sempre tentei entender tuas razões, me coloquei no teu lugar diversas vezes e dei o braço a torcer, mas sabe de uma coisa? nunca valeu a pena, sabe porque? porque tu nunca se colocou no meu lugar, eu nunca passei de uma decepção que tu criou, um saco de pancada que quando tava tudo uma merda tu ia lá e dava uns socos, chutes, despejava toda tua frustração, se aliviava me causando dor. Mas eu cansei, simplesmente cansei de tentar entender, tentar te entender, teus motivos, anseios, razões, como se sente, o que te faz ser assim, porque eu fui a escolhida? cansei disso. cansei de ti. cansei de mim não cansando de ti, porque eu sinceramente to exausta de tudo que me causa dor, e tu infelizmente, pai, me causa muita dor. Espero que tu fique bem de verdade, que me esqueça se esse for o caso, porque agora eu preciso lembrar de mim, lembrar que eu existo e que eu mereço mais!