Até o fim
Até o fim
=========ErdoBastos
Uma vida mal planejada, mal estruturada. Parece um piano desafinado tocando baladas desconexas, trocando as notas...
Bate sempre na mesma tecla ( razão e esperança de acertar)... Mas a melodia nunca sai como na partitura, transmuta, desacorda...
Tudo que parece ir bem acaba dando errado, tudo vai sendo jogado fora, perdido e amarrotado.
Assim o tempo desta vida vai sendo desperdiçado, escorrendo entre os dedos como as finas areias do deserto.
Deserto de uma alma egoísta e solitária, tornada árida, infértil e improdutiva.
Triste a alma, que campeia noites após noites buscando a paz, mas não tem direção e se perde - extraviada alma - na imensidão da vida, deixada só num canto qualquer que é, depois, esquecido.
Nem céu nem inferno, um purgatório eterno, de eterna espera por algo que sabe bem que jamais virá, embora tente convencer o mundo inteiro de que está próximo o tempo de vir a bonança.
Admirável esperança tola de uma vida fadada a desistências sucessivas e sucessivos reinícios de caminhos que nunca levam a nenhum lugar, senão de volta ao ponto de partida. Sem que o erro nada acrescente, porque sempre a culpa é transferida pra
outra pessoa, nunca o erro é próprio, sempre é conseqüência de um erro alheio...
Becos escuros, enlameados e perigosos é por onde andam almas assim, é onde sempre acabam...
Vem as inseguranças, incertezas e medos... São estes os temperos da insônia, cozida no fogo brando. Longas noites de esperar pelo que não vem...
Tempo se consumindo, virando pó em voltas e curvas, em tentativas de atalhos que levam sempre aos destinos errados, dos quais sempre é preciso voltar e reiniciar...
Até que chegue o dia em que só reste o arrependimento, que fará sofrer pela certeza clara de que não é mais possível voltar nem tentar novo caminho...
Um dia, a vida para de oferecer oportunidades e possibilidades novas.
Tudo nela, inclusive ela própria, tem começo, meio e fim...
E o fim nem sempre justifica os meios.
Triste é a vida de quem só aprende isso no fim.