Carta do Dia das Mães
Pitangui, MG, 4 de maio de 1966
Mamãe,
Ao aproximar o dia que alguém muito inspirado, talvez pelos céus, a você dedicou, é necessário que a gente se lembre muito especialmente daquela que a vida nos deu. Sim, muito especialmente, pois todos os dias são dias seus, mas este o é ainda mais.
Mamãe, sabendo e lembrando de tantos desgostos que lhe causei ainda hoje lhe causo, sinto uma tristeza no fundo do meu ser e penso comigo mesmo procurar nunca mais ser causa de suas lágrimas. Ainda lembrando-me disto, penso como nós, filhos, somos tão pouco inteligentes, não aproveitando todas as horas que podíamos passar com elas, as mães. E pensar que um dia poderá faltar-me você.
Mamãe, para amá-la, palavras não são necessárias, gestos não são o essencial, mas sim o amor do fundo do coração, sincero e que não tem limites nem obstáculos. E este amor ainda aumenta mais ao lembrar-me que foi você quem me ensinou que o céu era azul, que tudo foi criado por Deus e quem me ensinou a falar as primeiras sílabas, mostrando-me desde cedo o caminho do bem.
Mamãe, tudo é belo, a lua, as estrelas, o rio e a mata, e todas as manhãs que eu vi nascer. Mas agora compreendo, não sei se muito tarde, que nada é mais lindo que o seu amor, o amor materno. Será que um dia você me perdoa por tudo que eu lhe fiz? Quando este perdão eu receber, tranquilo estarei para continuar a te venerar sempre, por toda a vida que me resta, esta vida que um dia você me deu.
Mas agora é hora da despedida. Sem mais a lhe dizer, paro por aqui.
Seu filho,
William