MEMORIAL
MEMORIAL
Eu sou uma pessoa que sempre gostou de estudar. Recordo- me de que, desde bem pequena, eu manipulava as tintas de pintura nos panos de prato da minha mãe e fazia bolinhas e rabiscos em papéis. A minha irmã mais nova, também brincava comigo. Nós nos juntávamos para rabiscar, pois nossa mãe sempre nos incentivava dando papel para nos distrair procurando sempre brincadeiras que levasse para o lado da escrita e sempre participava de tudo. Lembro bem das 'estórias' que contava para enriquecer a nossa infância; isso fazia com o que as nossas coleguinhas não saíssem de nossa casa.
Quando tinha quatro anos, fui para o Jardim da tia Vanda. Adorava ir para o jardim, porém recordo que eu era muito sensível, por causa de qualquer coisa. Isso talvez por ser uma menina tão grande. Do jardim fui direto para a primeira série. Na época, eu ficava um período no jardim e o outro, em um anexo, como extensão ao estudo. O momento da transição do jardim para a escola foi muito marcante, pois eu tinha receio de tanta gente e me escondia nos lugares menos frequentados.
Mas isso não impediu jamais da convivência com os colegas que ao longo do tempo foi suavizando essa timidez.
Ainda na primeira série, ás vezes que saía de casa, eu não perdia tempo. Passei á ler tudo que havia na minha frente, e não conseguia me controlar. Ás vezes eu me incomodava, pois, isso tinha se tornado um vício. Até dentro de ônibus eu me esticava, para conseguir ler ao máximo todas as placas e letreiros, que estavam no caminho. Nessa época os meus pais nos levavam sempre ao Jardim Zoológico onde eu ficava tentando adivinhar os nomes dos animais. Tínhamos muitas fotos dos bichos, das flores, das árvores, mas queimaram num incêndio...
Sempre que havia trabalhos da escola para fazer, minhas colegas gostavam de ir a minha casa, pois minha mãe era sempre caprichosa em nos ensinar. Eu nunca deixava de realizar as atividades propostas; até mesmo quando era preciso faltar às aulas, eu dava um jeito de pegar e fazer depois. Minha mãe ia nas casas dos coleguinhas buscar a matéria do dia e o para-casa que era todo cortado em tirinhas as perguntas e colado no caderno para responder.Também me lembro de custar a diferenciar a letra “T” com a letra “D”.
A minha primeira leitura em casa foi uns livretos de “bang - bang”, que o meu pai colecionava. Esses livros me mostraram um grande interesse pela leitura. Logo, passei a ler também “Mandraque”, e os livros de romance da minha mãe como: “Bianca”, “A moreninha”, e o caderno de poesia, entre outros.
Quando entrei para a quarta série, eu já sabia escrever e ler muito bem. Eu adorava ler em voz alta, mas foi preciso me dedicar a minha caligrafia. Uma professora chamada Marluce me orientou a escrever num caderno inteiro de caligrafia. Na época achei muito trabalhoso, mas hoje sei que foi de suma importância para a minha alfabetização.
Tudo que acontecia na escola como quadrilhas, campeonatos de educação física, concursos e excursões, eu sempre procurava participar. O que mais me marcou foi um concurso de redação com o tema: “A Globalização em nosso bairro”, em que alcancei o primeiro lugar da escola.
Na sexta série conheci a professora Denise, que me mostrou que a Geografia era mais interessante do que eu conhecia. Eu sabia nomes de todas as capitais e estados do Brasil, e disso eu me orgulhava. Da quarta à oitava série, eu estudei na Escola Municipal Padre Joaquim, em Contagem. É á escola de que tenho mais lembranças boas. Também conheci o Professor Luiz, de matemática, que tinha um modo diferente de ministrar suas aulas. Foi á época que tive mais prazer em estudar matemática.
Aos 15 anos, eu já fazia leituras bem mais complexas e extensas. O acesso aos livros se dava, através da biblioteca da escola. Que por sua vez, sempre nos incentivava com campanhas de leitura. Gostava bastante de ler, com uma média de um ou dois livro por semana. Com os estilos bem variados, buscava por títulos que chamassem a minha atenção.
Nesta época, o acesso aos livros era bem restrito. Por não ter fácil acesso à internet, nós nos dispúnhamos, somente em, realizarmos pesquisas bibliográficas, para trabalhos escolares, em coleções de enciclopédias. Sendo as mesmas, oferecidas por vendedores ambulantes. Na minha casa, adquirimos uma, com dificuldade, mas na época foi de muita importância, para os meus estudos.
Após o Ensino Fundamental, eu comecei a frequentar o Ensino Médio.
Fiz o primeiro e o segundo ano na parte da manhã; já no terceiro ano foi preciso mudar para a noite. Estava trabalhando e estudando, ainda com (17) dezessete anos, e já tinha muitas responsabilidades. E ressaltando que aos ( 15) quinze anos eu já era dona do meu próprio negócio ( salão de beleza).
Depois de completar o segundo grau na Escola Estadual Lígia Maria de Magalhães, eu queria continuar os estudos, porém a vida nos leva por caminhos distintos. Minha mãe sempre sonhou com os filhos na Faculdade, mas eu não poderia realizar esse sonho naquele momento. O sonho de realizar uma Faculdade ainda persistia, mas acabei me casando com (19) dezenove anos e adiando os estudos.
Aos (25) vinte e cinco anos eu aproveitei uma oportunidade de incentivo do Governo Federal para cursar o Pronatec, um curso Técnico em Segurança do Trabalho. Foi quando minha mente se iluminou novamente e eu vi a possibilidade de retomar aos estudos. Gostei bastante de voltar à rotina dos livros e a conviver com pessoas que estão em busca de crescimento acadêmico e profissional. Hoje estou buscando este caminho, indo atrás dos meus sonhos e objetivos.
Atualmente, com (28) vinte e oito anos, curso Geografia, o tão sonhado curso superior pelo qual sempre fui apaixonada. Estou aberta a novas experiências e jamais deixarei de correr atrás dos meus sonhos. Agradeço sempre á Deus e a minha mãe, que nunca deixou de me incentivar e acreditar na minha capacidade de crescimento intelectual.
Miris