Em torno da baguete
Quando Fernando Henrique lançou o Plano Real, em meados dos anos noventa - há vinte anos, portanto - um dos símbolos da estabilidade da nova moeda era o pãozinho, que era vendido à razão de quatro unidades por um real. Outro esteio daquele estabilizante anseio era o franguinho cujo preço se prometia congelar por anos a fio.
Fiquemos no pão, no entanto. Que é nosso, e de todo dia. E chega até a ser dos anjos, como se proclamou numa canção religiosa, das destinações de Jesus. Pão do Anjos. Mas com os pés mais na terra, não há como se dissociar desse alimento quase imprescindível de nossas matinas. Tem gente que consegue, mas não jejuando de todo. Há sempre um sucedâneo, que pode bem ser um croissant, ou um brioche. De Paris a Bariloche, passando por Bangkok, pra dar - e paladar - o oriental toque.
Parte da acachapante maioria, que consome seu pãozinho todo dia, botei hoje três deles na balança, o que deu R $ 2,05 na cobrança. Mas quando se trata de encher a pança, que coração, mesmo diante da inflação, não balança?
Razão haverá para achar Dilma má? Aí a nação se racha. Mas pro matinal deleite, o pãozinho, no duro, não é enfeite. Se ajeite.