1857 Ano de uma revolução. Consciência de um fato.
De tempos em tempos somos assolados por alguma revolução. Algum revolucionário surge, através de uma situação ou de um fato. Eles surgem exatamente quando nós começamos a gaguejar, tropeçar nos próprios pés. É claro que existem revolucionários e revolucionários. Como em todas as épocas alguns revolucionários aproveitam-se da situação, da carência ou da ingenuidade de um povo pra fazer prevalecer a sua vontade, tirando com isso proveito para sai mesmo. São os revolucionários da mesquinhez, do orgulho exacerbado, da ganância que existe no tamanho dos seus braços, para querer abraçar o mundo só para si. Desse sonho transloucado são promovidas guerras absurdas, escravidão de um povo, roubo da dignidade de cada ser e poda do sonho de cada família.
Revolucionários sim, loucos não! Somos reféns da nossa própria iniqüidade, quando batemos palmas pra alguém que fala mais alto, brada aos quatro cantos do mundo ser o salvador da pátria, quando cerra os punhos e os lança contra o ar, numa atitude de euforia, de ser contra o sistema. São seres humanos que usam sua inteligência, num gesto arbitrário, para dar vazão a sua ganância, sem percebermos que a ganância dele é muito maior que a nossa. O elegemos ao ponto mais alto do pedestal, como um deus. Só constatamos o fato errôneo, quando o lixo começa a cair sobre nossas cabeças. Aí, caros amigos, é tarde demais.
Através dos tempos, é notória a eleição desses ídolos, desses deuses da morte, desses revolucionários que aprisionam nossos corações, nossos sonhos. Ainda somos muito carentes e gananciosos, esperando apenas uma chance, para erguemos nossa estatua.
Felizmente, a providencia divina é muito previdente. Ao mesmo tempo em que ela deixa o prego para pisarmos em cima dele, também nos dá a ferramenta para nos livrarmos, para nos libertarmos, para serenarmos nossa inquietude.
Desde os primórdios, e desde que temos arquivos comprovando, surgem entre nós, os revolucionários da alma. São revolucionários com outro tipo de ganância.
A de promover o bem estar, o entendimento, o conhecimento, apaziguar nossas guerras pessoais, promovendo a nossa inquietação ate o ponto do serenamento.
Quando surgem entre nós, travam verdadeiras lutas para impor entre nós, uma nova idéia, um novo comportamento humanístico. Porque essas novas revoluções vinham de dentro de seus corações. Já traziam inatos, a máxima que é o ideal para seguir-mos. Não faça aos outros, o que não gostaria que fizessem com você.
Surgiram homens notáveis: Sócrates, Platão, Buda e tantos outros.
Deixaram obras e exemplos magníficos. Verdadeiros tesouros da humanidade. Para que pudéssemos sorvê-los como alimento para a alma.
E que revolucionários! Vieram com outro tipo de arma. Vieram com as mãos aberta, com a paz no olhar, com a ânsia de compartilhar do bem que tinham dentro de si. Vieram com a vontade sincera de ser um irmão, entre todos, um irmão para reunir, para cantar, para felicitar a paz. Trouxeram em suas mãos livros, e fizeram de tudo para que jogássemos fora a espada. Para que pudéssemos abri os olhos e não cerra-los com a lamina do aço frio.
Tiveram esses revolucionários, a missão de ir preparando terreno, abrir estradas, juntar as ovelhas, para o acontecimento maior que estava para acontecer. E como sempre mais uma vez, colocamos no porão da nossa alma, esses sonhos.
E o mundo foi contemplado, agora na sua magnitude, com o irmão maior!
Com o advento da vinda do Cristo, a revolução foi maior ainda.
Foi a expressão maior de Deus, num gesto magnânimo, em mostrar o carinho de um Pai amoroso, para com os seus filhos. Foi num gesto supremo, aceitar o pedido do seu Filho Maior, de ser um HOMEM, entre os homens!
Não dizendo o nome de Deus em vão, mas: Meu Deus! Isso sim foi revolução! Como mudou, como incomodou, que caos causou entre todos os ditos, doutores da lei, na época. O interessante é, que Jesus disse uma frase, que não foi compreendida muito bem na época, quando Ele disse: Eu não vim trazer a paz, eu vim trazer a espada. Mas não foi a espada feita de aço, de lamina que fere, que corta, que aniquila. Foi a espada do conhecimento contra a ignorância. A espada da luz contra a sombra. A espada do amor contra o ódio. E Ele não veio mudar os conceitos que outros homens brilhantes trouxeram para nós. Ele veio vivenciá-los. Ele veio mostrar com se deve agir. Deixou que seu corpo frágil sentisse tudo como sentia um homem comum. Que Ele era feito de carne e sangue. Que sentia fome e frio.
Jesus, percebendo nossa ingenuidade, nossa ignorância, não tinha outra maneira de nos falar, de nos ensinar, se não fosse através de historias, de parábolas.
Uns falaram que Ele deixou códigos, palavras secretas e poderosas, instrumentos mágicos, cálices sagrados e arcas com o poder de dominar o mundo.
Mais uma vez: Meu Deus! Como somos ingênuos, como somos crianças, como somos carentes.
Infelizmente Ele padeceu sob a espada que trazíamos na cintura, na língua e no coração.
Era o ano de 1857. Uma nova revolução estava para ser deflagrada.
Era novamente o plano divino, sendo colocado diante dos homens.
Ainda continuávamos iguais crianças, que se entretém com brinquedos, com coisas mágicas, com o surpreendente.
E foi assim que um homem, do velho continente, mais precisamente da França, berço na época, dos modismos, dos pintores, dos escritores, dos artistas em geral, que algo inusitado e novo, veio chamar a atenção de todos. Veio como brinquedo, como diversão nas noites festivas, de cavalheiros e damas, emplumados e ornamentados.
A nova mania era brincar com as mesas, que se levantavam do chão, a um simples pedido de alguém. Eram batidas que se ouviam, quando se faziam uma determinada pergunta e queriam respostas com simples toques; um toque, para o sim, e dois toques, para o não.
Se a intenção era chamar a atenção, esse propósito foi alcançado.
Mas por alguém que viu nessa diversão algo mais complexo. Ele percebeu que havia uma inteligência que entendia as perguntas e sabia dar as respostas, mesmo elas sendo mais simples possível.
Iniciou uma pesquisa mais aprofundada. As perguntas foram sendo mais elaboradas como também as respostas. Percebeu-se que havia uma linha filosófica, um comprometimento e principalmente uma ligação para com os ensinamentos de Jesus.
Eureka!! Era o inicio do entendimento, uma decifração das parábolas que Jesus tinha deixado há quase dois mil anos.
O revolucionário dessa vez, era um homem que já veio com a missão, com a vontade de ensinar, era um pedagogo. Como era uma revolução que não usava palavras de incitação, de lutas armadas, de beneficiamento próprio, veio a resistência a essa nova idéia. Era a linguagem dos espíritos. Que pelos conceitos da época, uma heresia, uma afronta ao que estava escrito na bíblia. Era difícil, como explicar que era a própria bíblia que estava sendo interpretada de uma maneira mais acessível a todos. Que a comunicação entre vivos e mortos, era possível. E da preocupação dos bons espíritos com o andamento da humanidade que habitava esse planeta.
Allan Kardec. Esse era o nome do professor que assumiu esse pseudônimo, para que seu nome verdadeiro não influenciasse essa obra no conceito dos senhores das letras na época. Teve a fibra necessária para dizer não, quando as respostas tinham uma armadilha escondida. Por isso pesquisou centenas de respostas para a mesma pergunta e quando havia um consenso entre elas, foram inseridas no grande livro que foi entregue ao mundo, como mais um grande passo da humanidade em direção ao plano divino que foi traçado para nós com a direção de Jesus.
O LIVRO DOS ESPIRITOS: obra que completa 150 anos de existência no mundo carnal, mas que na espiritualidade já foi concebido há mais de dois mil anos.
Para entendermos essa nova revolução que ainda ecoa no planeta, basta seguir um dos maiores desejo de Jesus: Amar o seu semelhante como você gostaria de ser amado por ele.
E. Di Camargo
04/04/2007