Santa Maria, balada e mesquinharia

O brasileiro termina o mês de Janeiro com uma notícia muito triste. Uma balada, em Santa Maria (RS) pegou fogo com quase trezentas pessoas dentro, e quase duzentas e cinquenta vidas foram perdidas. Acaso, azar, Deus ou idiotice e mesquinharia dos proprietários do recinto? Você sabe a resposta.

Muitos dos que estavam lá dentro eram estudantes, jovens, como o que vos escreve neste momento. Afinal, balada não é algo de que os antigos são adeptos. Pobres vidas que apenas queriam aproveitar seu sábado à noite após uma semana cansativa, seja de serviço ou de estudo. Vidas que agora se esvaíram, levando junto a felicidade de pais e filhos, irmãos e irmãs, tios e sobrinhos.

Após o fogo começar, a balbúrdia de um tumulto ocorreu, como de costume. Todos se direcionaram para a saída. Entretanto, esta estava impedida de ser aberta. Uma saída cuja passagem não pode ser utilizada. Você entende isso como ironia? Eu entendo como má fé.

A saída apenas estava bloqueada por “razões administrativas”. Para evitar que gatunos saíssem da balada sem pagar a conta, eles foram trancados lá dentro. Pessoas presas em um local, fogo, isso te lembra alguma coisa? Se a fiscalização tivesse passado por ali, perceberia a irregularidade, e essa tragédia não teria acontecido. Mas a culpa é da fiscalização ou do dono do lugar que deu essa ordem?

E o patrimônio continua valendo mais que a vida humana. Um roubo de banco é investigado até os ladrões serem encontrados, mas se o seu filho é morto no caminho de casa, o assassino será encontrado vinte anos depois, se for encontrado. Esse é um dos defeitos do ser humano. O dinheiro, bem próprio, vale muito mais que a vida do outro. Algum ensinamento em algum grande livro foi contrariado nesta situação?

Oremos, amigos. Oremos para as almas das pessoas que tragicamente morreram encontrem seu caminho, pois o protesto e contestação do sistema vigente não estão adiantando muito – o ser humano rejeita tudo que é novo, mesmo que o novo seja bom. É por isso que nessas horas eu lembro o que uma pessoa muito querida me disse uma vez: “Povo brasileiro; de todos, o mais acomodado.”