caro
tupo parece que esta errado pra ela e mesmo assim ela continua,
com seus passos lentos na direção do mesmo teatro todos os dias
ela imagina a doce vida famosa, onde então, poderia desfilar de carro ao invés de gastar a sola de seus pés,
nos dias em que chove ela não leva o guarda chuva prefere um saco que coloca sobre a cabeça e meias muito grossas nas pernas
ela senta-se ao chão em cima de uma caixa de papelão e puxa da bolsa saquinhos de pão vazios e empinando a cabeça engole os farelos um a um
o homen da padaria que trabalha a vinte anos no local a proibe de se aproximar pois ela encomoda a todos que sentam-se para lanchar
ela pinta o rosto com lapis e batom e escreve no caderno manchado mais um ato do seu espetaculo
ela ja dirigiu peças neste mesmo teatro, ela tinha começado um sonho
ela viu as estrelas despindo-se em seus camarins
ela montou o cenario com cores e brilho
agora continua sorrindo com um ar insano e livre
sua vida não se tornou um pesadelo mas o cenário é sem cor e brilho
e as pessoas não a olham mais com louvor
pois seu chapéu e velho e ela parece não ser uma pessoa normal pois grita frases como -" o ´ceu pode me molhar desde que a chuva não queime a minha pele" ela não pede socorro mas ri do homen que desvia da poça de agua
ela consome a alegria que guardou por anos
ela nao quer voltar ,mas escreve o que quer.
a vida sorri a ela de alguma forma
ela conversa com o Deus dela
ela vive só pois é velha
ela vive
e continua em direção ao teatro